Quem acompanhou uma roda de samba em meio à rua Sapucaí, no bairro Floresta, na região Leste da capital, na noite do dia 2 deste mês, ainda guarda marcas de uma noite para ser esquecida. Escoriações pelo corpo, inchaço na mão e a revolta de quem deveria proteger acabar sendo o agressor estão bem vivas na memória de Luiz*, de 23 anos, que teve a diversão ceifada quando a Guarda Municipal de Belo Horizonte, usando de cassetetes e de força, acabou dispersando cerca de 300 pessoas, nas contas dele, de forma bruta.
"A roda de samba acontecia ao ar livre. De repente, os guardas foram chegando e se infiltrando no meio da multidão. Quem tocava até começou a ensaiar a música 'não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar' como forma de protesto. Depois, um dos músicos foi levado por um dos guardas e aí começou a confusão. Minha namorada ficou muito exaltada e veio um guarda para cima dela. Quando eu tentei afastá-lo, acabei levando porrada de cassetete em vários locais, fiquei até tonto com spray de pimenta que me foi jogado nos olhos", relata Luiz.
Ele chegou a registrar boletim de ocorrência e fez exame de corpo e delito sobre o incidente, mas a indignação permanece. "Pensei por muito tempo em fazer um post, relatar a mais pessoas o que aconteceu porque é revoltante você ser agredido sem fazer nada. Mas tenho medo de retaliações", complementou.
Pelas redes sociais, circulam imagens mostrando o momento em que os Guardas Municipais chegaram até a rua na tentativa de dispersar a multidão. A equipe do portal O TEMPO teve acesso a uma delas. VEJA ABAIXO.
Em um dos posts, a própria Guarda Municipal respondeu que tomou conta do episódio e que os oficiais foram chamados para garantir a desobstrução da via por se tratar de um evento sem licenciamento. Além disso, segundo a publicação, assim que chegaram, objetos foram lançados pelo grupo quando os guardas chegaram ao local.
"Ambos os fatos estão sendo apurados e para que os cidadãos que considerem ter sido vítima de eventual conduta indadequada dos guardas municipais entrem em contato com a Corregedoria da Guarda Municipal pelo e-mail cgmbh@pbh.gov.br ou pelo telefone 3246-0053", dizia um trecho do post.
Questionada oficialmente sobre o assunto, a Guarda Municipal de Belo Horizonte informou que a corregedoria da guarda tomou conhecimento do episódio ocorrido na rua Sapucaí por meio dos próprios agentes da corporação.
"Os fatos estão sendo investigados e ambas as partes serão ouvidas para verificar se houve algum excesso na operação e para eventuais medidas cabíveis", informou.
*Luiz (nome fictício para preservar a identidade da vítima)
Atualizada às 15h20