Último sopro arquitetônico do centenário Oscar Niemeyer, morto há oito anos, a Catedral Cristo Rei em Belo Horizonte mergulha em uma nova etapa da construção em novembro com a concretagem de estruturas chamadas pórticos que garantirão a sustentação da cripta para abrigar o templo católico. 

Espera-se que a obra iniciada também em um mês de novembro, mas há sete anos, seja concluída ou esteja extremamente avançada nos próximos cinco – no ano de 2025. Erguida à direita de quem segue em direção à Linha Verde pela avenida Cristiano Machado, no bairro Juliana, na região Norte da cidade, a Catedral Cristo Rei é construída com arrecadação obtida pela Arquidiocese de Belo Horizonte a partir de doações feitas pelos fiéis e o ritmo da obra é ditado pelas contribuições recebidas. 

A construção não foi interrompida em função da pandemia do novo coronavírus, mas a evolução tornou-se mais lenta frente a uma queda na arrecadação, como esclarece Rômulo Albertini, engenheiro e diretor de infraestrutura que libera a equipe técnica à frente da obra. “Este ano foi bastante difícil, sobretudo em relação às doações de fiéis. A arrecadação caiu muito apesar de ser feita também pela internet, isto porque não houve coleta nas igrejas que passaram a maior parte do ano fechadas. Houve uma queda até porque existe uma dificuldade para que alguns fiéis consigam ir até o banco, então muitos deixaram de fazer as doações. Mas, nós não paramos a obra. Agora iniciamos uma parte importante que é a concretagem das paredes que vão sustentar o templo”, detalha.

Estima-se que a obra gigantesca – são mais de 43 mil metros quadrados de área construída e cem metros de altura – custará cerca de R$ 100 milhões. A construção arrastou-se nos últimos sete anos para garantir uma fundação sólida para que sejam erguidos os monumentos com segurança. “Tem muitas coisas feitas na obra que não aparecem. Praticamente todas as fundações já foram concluídas, são tubulações de grande porte que, do ponto de vista visual, não aparecem. Agora é que estamos iniciando obras nas partes mais visíveis para o público. Começamos com a cúpula, uma elipse, uma cripta que será sustentada pelos pórticos Norte e Sul. Começamos a concretar a parede Sul que irá até cinco metros de altura. O templo inteiro terá mais de cem metros, equivale a cerca de 30 andares”. 

O tempo de conclusão da obra também explica-se pelo número reduzido de trabalhadores e, principalmente, pela complexidade do desenho arquitetônico. “O tamanho é bem significativo, são cerca de 43 mil metros quadrados de área construída. Uma obra igual a essa nunca foi feita no mundo, e nunca mais será feita. O projeto do Niemeyer não tem particularidade com outros que ele tenha feito. Temos que desenvolver tudo para a obra, todos os estudos feitos são específicos para esta obra. Ela poderia ter 400 ou 500 funcionários, mas temos um corpo técnico pequeno, muito competente, mas pequeno. Variamos pelo ritmo da captação e não temos urgência em terminar a catedral. Esperamos que nos próximos cinco anos ela já estava bem adiantada ou mesmo concluída”, relata o engenheiro.

A Catedral Cristo Rei irá integrar um circuito de obras arquitetônicas de Oscar Niemeyer em Belo Horizonte. “Niemeyer iniciou seus projetos em Belo Horizonte com a Igrejinha da Pampulha, e existe um circuito enorme com a Casa do Baile, o edifício na praça da Liberdade, a Cidade Administrativa… e teremos a Catedral. Não é apenas uma igreja, são também cinco museus no complexo, uma área social para atendimento ininterrupto a pessoas em situação de vulnerabilidade, com alimentação, cuidados em saúde e psicologia. É um complexo, de fato. É um ponto importante para o futuro de Belo Horizonte, conclui.