Reta final

Copasa inicia testes em nova adutora e prevê fim do rodízio de água no domingo

Solução emergencial para o rompimento da adutora sobre o rio Paraopeba está quase pronta e deve pôr fim ao racionamento que atingiu mais de 2 milhões de pessoas na Grande BH

Por Pedro Nascimento e Manuel Marçal
Publicado em 17 de março de 2022 | 17:00
 
 
 
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As obras na adutora da Copasa entre Juatuba e Betim, na região Metropolitana de Belo Horizonte, estão na fase final e devem ser concluídas até sexta-feira (18). O rodízio de água, que atinge cerca de 2 milhões de pessoas, no entanto, só deve se encerrar no domingo. Essa é a previsão da Copasa, que conseguiu cumprir com cronograma que havia sido estipulado para a solução do problema após o rompimento da adutora do Sistema Serra Azul, alvo de vandalismo.

Segundo o diretor de operações da companhia, Guilherme Frasson, essa é uma primeira etapa que visa restabelecer, emergencialmente, o abastecimento que está em sistema de rodízio desde o último dia 8. “Essa primeira etapa tem por objetivo dar mais celeridade à recuperação do sistema usando materiais disponíveis no mercado e que não demandam obras de maior vulto”, explica.

A solução poderá garantir a recuperação de abastecimento do Sistema Serra Azul na ordem de 600 a 800 litros de água por segundo.A nova estrutura que, foi instaladade maneira emergencial, é submersa ao rio Paraopeba. 

Para solucionar o problema de forma definitiva, a empresa ainda não tem um cronograma, já que as obras demandam novas soluções para o local devido ao assoreamento do rio Paraopeba, que foi atingido pelos rejeitos de minério de ferro da barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho.

“A segunda etapa, essa sim, requer um maior cuidado. Estamos fazendo um projeto, fazendo todo um estudo da hidráulica do rio, em função até mesmo do assoreamento e pela cheia que ocorreu. Desde que Serra Azul foi construído, há mais de 40 anos, nunca se viu uma cheia tão grande no Paraopeba. Então a Copasa está revisando o conceito da travessia para que a gente possa garantir que nos próximos ciclos de chuva a gente não tenha nenhum problema em decorrência de uma cheia no rio Paraopeba”, explica.

Dessa forma, a adutora do projeto final, que passará pelo local deverá ser mais elevada, ou mesmo passar por baixo do rio Paraopeba, para evitar novos problemas com enchentes. Equipes fazem sondagem e estudo de dimensionamento. 

Frasson explicou ainda que o déficit de 15% do fornecimento de água provocado pelo rompimento da adutora do Sistema Serra Azul será suprido com a obra emergencial.

Vazamento nos testes

O diretor de operações da Copasa comentou que é natural que alguns vazamentos ocorram no local durante a fase de teste da nova estrutura. "Montagens hidraúlicas envolvem uma série de conexões, soldas. E começamos a trabalhar nos pequenos vazamentos que, aos poucos, nós vamos mitigando", explicou Guilheme Frasson. 

Sobre um vídeo que circulou nas redes sociais sobre a fase de teste, em que uma grande quantidade de água jorrava da tubulação, ele pontuou que não é preciso fazer alarde e que está tudo sobe controle. "Uma das conexões, da soldagem se desfez. É natural, neste, momento quando você começa a colocar carga,  pressão na rede". Diante disso, explicou a importãncia de dois a três dias de teste para identificar os pontos mais frágeis e assim corrigi-los.

Investigação

O rompimento da adutora do Sistema Serra Azul aconteceu no dia 1º de março e, segundo a Copasa, foi causado por um incêndio nas treliças que sustentavam a tubulação que passava sobre o rio Paraopeba.

Com a alta do rio devido às chuvas, a estrutura ficou cheia de galhos e sedimentos que estavam no leito do rio. A suspeita é que alguém da região, que utilizava a adutora como passagem sobre o Paraopeba, tenha dado início às chamas que danificaram a estrutura.

O caso foi repassado para a Polícia Civil que, em nota, informou que uma equipe de investigadores esteve no local para realizar a perícia. Os trabalhos investigativos estão a cargo da Delegacia de Polícia Civil em Juatuba. Até o momento, ninguém foi preso.

Alívio

Para a população que teve que lidar com o rodízio de água, a solução, mesmo que provisória, é vista com alívio. Moradora do bairro Eliane, em Ribeirão das Neves, a auxiliar administrativo Marcia Cristina Fernandes, 52, conta que o racionamento de água na região foi mais severo que o previsto.

“Aqui nós ficamos cinco dias sem água saindo da torneira. Começou no último sábado e só foi resolvido hoje, após muita reclamação”, relata. 

Graças a um vizinho dono de um poço artesiano, a situação não foi mais grave. “A nossa rotina foi duríssima. Banho uma vez por dia, água para beber fracionada e a comida era feita em uma panela só para não sujar muita vasilha. Sofrimento”, conta Márcia.

Ao todo, cerca de 2 milhões de pessoas foram atingidas pelo rodízio de água.

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