A pandemia do novo coronavírus e a consequente recomendação de isolamento social tem feito com que muitas pessoas abusem do consumo de bebidas álcoolicas. Embora bares e restaurantes estejam fechados, os serviços de e-commerces e deliveries registraram aumento de até 50% da demanda, segundo aplicativos de entrega. A falta "do que fazer" para se distrair dentro de casa e as próprias angústias provocadas pelo isolamento podem potencializar o consumo.
"Nesse momento de quarentena, a bebida entra como uma forma de anestesia. Ela está, aparentemente, amenizando o medo, a ansiedade, a angústia e não resolve o problema", destaca a psicóloga, Camila Lobato. "As nossas dificuldades de lidar com as emoções, independentemente de quarentena, já tenta colocar algo no lugar, que são as compulsões. Pode ser o comprar, o comer, o beber. Isso já existia antes da quarentena, e isso ficou ainda maior", completa.
Na última semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu que os governos adotem medidas para limitar o consumo de bebidas alcoólicas durante a pandemia. O uso contínuo durante a quarentena compromete a imunidade e pode piorar o quadro geral de saúde, aumentar os comportamentos de risco, criar problemas de saúde mental e contribuir com o aumento da violência doméstica.
A organização também alertou sobre informações falsas de que o álcool pode matar o vírus, o que não é verdade. Segundo a OMS, três milhões de pessoas morrem por ano em todo o mundo por consumo excessivo da bebida.
Nesse período de isolamento, as pessoas devem se perguntar qual o motivo para o exagero do consumo. "No primeiro momento, a bebida traz um prazer, como qualquer outra droga, lícita ou ilícita. A pessoa tem que encontrar outras coisas mais saudáveis para fazer e que traz a mesma sensação de prazer", ressalta a psicóloga.
De acordo com uma pesquisa encomendada pela Associação Brasileira de Bebidas (Abrape) no fim de 2019, 61% do consumo de bebidas alcoólicas acontecia em locais de convívio social, como bares, baladas e restaurantes.