Produtor internacional

Coronavírus: China passa a exigir mais qualidade de exportadores de insumos

Empresas que estão exportando suprimentos médicos para outros países devem fornecer documentação adicional, o que pode atrasar entregas, mas garante produtos melhores

Por Thiago Nogueira
Publicado em 02 de abril de 2020 | 19:50
 
 
 
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O ministério chinês do Comércio, a Administração Geral das Alfândegas e a Administração Nacional de Produtos Médicos da China, informaram, em nota conjunta nessa quarta-feira (1º), que empresas chinesas que estão exportando suprimentos médicos para outros países devem fornecer, em documentação adicional, evidências de que seus produtos atendem aos padrões de qualidade.

A informação foi divulgada pela Xinhua, a agência oficial de notícias do governo da República Popular da China. A partir de agora, as alfândegas chinesas só permitirão a saída de produtos com licença atribuída pelas autoridades de saúde locais. A iniciativa é para garantir a segurança e padrões de qualidade.

Produtos médicos, como kits para testes Covid-19, máscaras, roupas de proteção médica, ventiladores e termômetros precisam de uma documentação extra quando passarem pelos trâmites aduaneiros chineses.

A medida foi tomada dias depois da Espanha ter informado que testes rápidos adquiridos de uma empresa chinesa estava com defeitos. A Holanda também comprou mais de 600 mil máscaras que, depois de entregues, observou-se que elas estavam em padrões inadequados.

A exemplo de outros países, o Brasil também fez a solicitação de diversos suprimentos médicos, incluindo testes rápidos para a detecção de coronavírus. O primeiro lote com 500 mil testes, adquirido pela Vale, chegou na última segunda-feira (30) e foram doados ao governo brasileiro. Mas há outros materiais adquiridos pelo Ministério da Saúde que ainda não vieram.

A informação do aperto às exigências e se pode atrapalhar o importação de produtos chineses é desconhecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A agência informou apenas que, por parte dela, vale as recomendações previstas em resoluções nacionais. "Em termos de importação, do ponto de vista da Anvisa, permanecem os mesmos documentos solicitados na RDC 81/08, com a inclusão das possibilidades previstas na RDC 356/20. Nada relacionado a documentos extras de importação", disse a agência, em nota a O TEMPO.

Os RDCs são Resoluções de Diretoria Colegiada. O 81, de 2008, dispões sobre o Regulamento Técnico de Bens e Produtos Importados para fins de Vigilância Sanitária. Já o 356, de 2020, dispõe, de forma extraordinária e temporária, sobre os requisitos para a fabricação, importação e aquisição de dispositivos médicos identificados como prioritários para uso em serviços de saúde, em virtude da pandemia de coronavírus.

EUA compra em massa

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse, na quarta (1º), que parte das compras que seriam feitas pelo Brasil de equipamentos de proteção individual para uso na rede de saúde devido ao novo coronavírus "caiu" após os Estados Unidos adquirir um grande volume de produtos da China.

"Hoje os Estados Unidos mandaram 23 aviões cargueiros dos maiores para a China, para levar o material que eles adquiriram. As nossas compras, que tínhamos expectativa de concretizá-las para poder fazer o abastecimento, muitas caíram", afirmou o ministro. "Espero que nunca mais o mundo cometa o desatino de fazer 25% da produção de insumos em um único país. Essa é uma discussão do pós-epidemia, completou Mandetta. (Com Agências)

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