Nos leitos de UTI e nas enfermarias, o trabalho de milhares de profissionais que se dedicam diariamente para que pacientes consigam vencer o coronavírus. E do outro lado, familiares que vivem as incertezas da evolução do estado de saúde dos entes queridos. Diante de uma das maiores pandemias dos últimos séculos, a importância do trabalho árduo realizado nos hospitais e centros de saúde que atuam na linha de frente de combate.
Para mostrar que médicos, enfermeiros, técnicos e profissionais administrativos das unidades não estão esquecidos, voluntários promovem semanalmente em Belo Horizonte ações de carinho e afeto. Através de lanches e doces feitos com o apoio de 42 pessoas, o grupo Mimo com Afeto já realizou as entregas em seis unidades da capital: os hospitais Unimed, Felício Rocho, Risoleta Neves e João XXIII, além da Santa Casa e UPA Centro-Sul.
E nesta terça-feira, a ação aconteceu no Hospital Odilon Behrens, na região Noroeste da cidade. Cuidadosamente preparados, cachorro-quentes, bolos e pirulitos de chocolate foram recebidos pelos profissionais de saúde com mensagens de incentivo. Para o enfermeiro Pablo Pimenta, de 37 anos, a iniciativa demonstra a preocupação da sociedade com o trabalho exercido nas unidades.
"Mostra que as pessoas estão vendo o que a gente faz dentro dos hospitais em um momento tão conturbado que estamos vivendo. Isso só nos dá alegria e mais força para continuar trabalhando e ajudando as pessoas. É algo muito novo, desconhecido, com muitos riscos, e tem só crescido. Então a gente trabalha com uma certa apreensão", afirma.
Já técnica de enfermagem Rosane Andrelina, 35, que também atuou na pandemia do H1N1 em 2009, conta que os mimos levam alegria em momentos tão difíceis como o de agora. "É um incentivo para sair de casa, cuidar dos pacientes. O trabalho é desgastante, estamos atendendo na medida do possível, o quanto a gente suporta. A rotina está sendo completamente diferente do que era antes", enfatiza.
Responsável pelo setor de enfermagem do hospital, Janice Caetano, 39, lembra que a ação aconteceu no Dia Internacional do Enfermeiro, cujo papel é decisivo para a evolução dos pacientes. "A equipe fica muito agradecida, é um reconhecimento mesmo. Até porque a quem está atuando com as suspeitas de Covid-19 quase não tem um momento de relaxar por conta dessa rotina", alega.
O sentimento é compartilhado pela agente administrativo Valquiria Alves, 30, representante de outra categoria muito importante para o trabalho desenvolvido nos hospitais – ela atua na secretaria do setor de UTI. "Gostamos de receber esse carinho em um momento de tensão, muita incerteza, cuidado redobrado e isolamento social", explica.
Novas ações na capital
De acordo com uma das organizadoras do grupo, Cláudia Magalhães, a ação volta a acontecer no Odilon Behrens amanhã e na quinta-feira (14). Já nas próximas semanas, a expectativa é que os voluntários realizem a distribuição dos lanches na Santa Casa de Belo Horizonte, UPA Leste e no Samu, além dos hospitais Eduardo de Menezes e Clínicas.
"O objetivo é dizer para esses profissionais que tem alguém fora da realidade deles, desse contexto, que se preocupa com o bem-estar. Apesar da realidade em Minas não ser igual a de outros Estados, sabemos que eles estão dentro do CTI sem poder sair para nada. A intenção é que eles se sintam acolhidos e abraçados", comenta.
A voluntária enfatiza que o trabalho desempenhado pelos profissionais da saúde não é fácil. "Não estamos acreditando muito que as coisas estão acontecendo exatamente porque estamos sendo resguardados por essas pessoas que estão cuidando da saúde de muita gente", finaliza.
Trabalhadores infectados
Além das dificuldades de realizar os tratamentos, principalmente nos casos graves que exigem a internação nas UTIs, os profissionais de saúde ainda estão propensos aos riscos de contaminação pela doença. De acordo com balanço divulgado hoje pela Secretaria Municipal de Saúde, 67 trabalhadores de Belo Horizonte já testaram positivo para o coronavírus. Outros 80 casos seguem investigados e 1.489 foram negativos.