No dia 21 de março, Jéssika Alkimin, assistente de apoio à família da funerária do Grupo Santa Casa, saiu para trabalhar sem imaginar que tão cedo voltaria para casa. Foram tantos atendimentos, sob um clima de crescente apreensão pelo contato com casos suspeitos de coronavírus, que ela decidiu preservar a família. “Liguei para minha mãe e disse que não voltaria. Estava reformando um apartamento, para onde me mudaria, e resolvi passar um tempo lá”, conta Jéssika, que deixou com a mãe a filha de 10 anos.

Da hora que sai até a hora que volta, o medo a acompanha. “A gente se sente inseguro o tempo todo. Estou sempre com máscara N95, touca, luvas e capote. A cada família que atendo, eu troco de roupa. Mesmo com traje especial, não tem como ser perfeito. Eu tenho contato com os corpos no necrotério, eu falo com as pessoas, e tem hora que não dá para evitar, porque meu papel, antes de prestar o serviço, é estabilizar aqueles familiares, que estão abalados com a morte. Teve um dia que um parente me abraçou. Eles estão sensíveis, sofrendo. Como é que a gente faz?”, relata Jéssika.