Solidariedade

Cufa bate nova meta e arrecada 400 toneladas de alimentos para mães da favela

Dez mães entraram no Mineirão para receber um buquê de rosas vermelhas e uma cesta básica digital

Por Izabela Ferreira Alves
Publicado em 08 de maio de 2021 | 13:34
 
 
 
normal

Era para ser 100. Pulou para 200, foi para 300. Por fim, a nova meta, de se arrecadar 400 toneladas de alimentos, na semana de véspera do Dia das Mães, foi atingida pela Central Única das Favelas (Cufa) em Minas Gerais. E com muita alegria, uma homenagem a todas elas, mas em especial às mães das favelas, foi feita no sábado (8), no Mineirão. Dez mamães, de vários aglomerados da capital e região metropolitana,  entraram no estádio para receber um buquê de rosas vermelhas e um cartão virtual para comprar uma cesta básica. Cerca de 600 lideranças comunitárias eram aguardadas para retirar os donativos, no sistema de drive thru, sem causar aglomeração. Nos porta-malas dos carros, eles voltavam para as comunidades não só com alimentos, mas com um Dia das Mães mais feliz, para milhares de famílias.  

Patrícia Avelar, uma das coordenadoras da Cufa Minas há dez anos, conta que, há duas semanas antes do Dia das Mães, a central começou a ser procurada por um grande número de mulheres necessitadas de alimentos. “Daí veio a nossa força. Vimos que essas famílias precisavam muito da nossa ajuda e decidimos fazer uma grande mobilização”, explica. Assim surgiu a campanha, um braço da Cufa Contra o Vírus, a maior ação humanitária de doação de alimentos, itens de higiene e primeira necessidade já feita em Minas Gerais. “Escolhemos homenagear todas as mães, mas, simbolicamente, as da favela em especial, por serem elas as mais impactadas na pandemia, pelo desemprego, pela falta de alimentos, com os filhos sem acesso à educação”, prioriza. 

Houve também um momento de silêncio e balões brancos para lembrar as cerca de 420 mil vítimas do Coronavírus no país, na pessoa do ator Paulo Gustavo. Presidente da Cufa em Curvelo, onde inaugurou a organização e um dos diretores da central no Estado, o estudante Davi Tolentino, de apenas 9 anos, dava o exemplo tão caridoso quanto o do humorista, que antes de morrer de complicações da Covid-19, fez várias doações para ajudar vítimas da doença. “Para mim, ajudar é um lazer. Eu sinto que estou levando felicidade, levar uma comida é uma honra, eu amo”. 

Adriane Cristina Cruz, 44, presidente da Organização Não Governamental Associação Mães que Informam (Amai) foi uma das mães homenageadas. Ela também se sentia honrada, não por ter tido um poema declamado para ela ou pelas rosas, mas por fazer parte da iniciativa humanitária. A ONG fundada por Adriane apoia mães que, como ela, têm filhos portadores de deficiências. A instituição ajuda na capacitação para cuidados especiais como também auxilia no acesso a políticas públicas.  

 

 

Crescimento da campanha

Em 2020, a ONG apoiava 100 famílias em situação de Insegurança Alimentar grave. Este ano, segundo Adriane, já são 900 famílias cadastradas, 300 delas em situação de extrema pobreza. “A Cufa está aqui dando, além do arroz e do feijão, uma mistura, salsicha, um leite, a proteína e para nós que temos filhos com deficiência é de extrema necessidade, pois eles tomam muitos remédios”, esclarece. Além disso, ela dá a dimensão de como a ajuda vem em boa hora. “Todos os cuidados da pessoa com deficiência - neurologista, ortopedista, dermatologista - são caros e de difícil acesso na rede pública. Os meninos iam para a escola e a gente ia fazer uma unha, uma faxina. Agora não podemos mais, pelo risco de contágio e por não ter aula. Esse suporte é fundamental”, explica. 

Recentemente, foi publicado o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19,  feito pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN) em 2.180 domicílios, nas cinco regiões do país, em áreas urbanas e rurais. Os resultados mostram que em apenas 44,8% dos lares havia situação de segurança alimentar. Isso significa que, em 55,2% dos domicílios, os habitantes conviviam com a insegurança alimenta em algum grau, um aumento de 54% desde 2018 (36,7%). 

Em números absolutos: no período abrangido pela pesquisa, 116,8 milhões de brasileiros não tinham acesso pleno e permanente a alimentos. Desses, 43,4 milhões (20,5% da população) não contavam com alimentos em quantidade suficiente (insegurança alimentar moderada ou grave) e 19,1 milhões (9% da população) estavam passando fome (insegurança alimentar grave). Para ajudar na campanha da Cufa em Minas Gerais acesse: www.cufaminas.org

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!