Supostos erros de investigação da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) e da acusação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) foram usados como brechas para tentar inocentar André de Pinho, promotor acusado de ter dopado e asfixiado até a morte a ex-esposa Lorenza Maria Silva de Pinho. "André foi vítima de uma investigação tendenciosa e arbitrária. Querem prendê-lo como prêmio e colocá-lo na mídia", afirmou o advogado de defesa, Pedro Henrique Saraiva. 

O julgamento ocorre no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) na manhã desta quarta-feira (29), onde 21 desembargadores vão julgar culpado ou inocente o promotor. 

Em depoimento, o advogado de defesa usou de imagens do laudo, vídeos de depoimentos de testemunhas, reportagens da mídia e outros documentos para provar a sua versão sobre a morte de Lorenza. Para a defesa, a ex-esposa de André de Pinho morreu por abuso de medicamentos, álcool e engasgo com vômito.

Ainda, de acordo com o advogado, faltou informar que Lorenza enfrentava também caso de pneumonia. "A Lorenza tomava morfina na veia no Hospital, era dependente de opióide", afirmou, enquanto mostrava gráfico com a quantidade de remédios tomados pela vítima. "O que a acusação fala que causou a intoxicação, na verdade, era o que estava em menor quantidade no corpo dela com relação aos outros medicamentos", continuou. 

De acordo com o advogado Saraiva, Lorenza foi internada por embriaguez três vezes antes da data da morte, o que indica o vício. Na versão apresentada por ele, Lorenza e André Pinho eram um casal unido e sem crises. "A terapeuta de Lorenza disse nunca ter visto ela falando mal do marido. Disse que ele fazia tudo por ela", afirmou. Em um vídeo em que uma amiga de Lorenza depoe, a mulher também afirma o mesmo. "Os dois eram super apaixonados. Ele saiu do Ministério Público para cuidar dela. Ela só tinha ele", disse. 

Saraiva dividiu a defesa em alguns focos principais. Em primeiro lugar, focou na  informação sobre falta de sangue no corpo de Lorenza que não foi constatada na laudo da perícia. "É constrangedor quando uma informação que não está confirmada nos autos é repetida na mídia. Claro, com o intuito de prender André". 

Uma suposta reunião secreta entre médicos legistas e promotores envolvidos na acusação também foi citada. Segundo o advogado, antes do fechamento do laudo, agentes da Polícia Civil se reuniram com a acusação para discutir as informações. Ele mostrou prints de e-mails que confirmaram o encontro.

Para a defesa, o encontro pode ter levado a decisões manipuladas que fazem do laudo "inconclusivo". "Desde o início eu venho falando isso e o meu interesse é monstrar provas", afirmou o advogado. Saraiva negou que o ematoma na cervical de Lorenza, identificado na perícia, seja prova de asfixia. "As manchas são mínimas e não tem nada a ver com lesões reais. Não há ferimento em nenhuma outra parte do corpo. A intoxicação por si só poderia ter causado a morte dela", disse. 

O advogado coloca André de Pinho como vítima de um processo fraudalento. "Estamos vendo aqui o terraplanismo da necropsia, isso não existe. É absurdo, a investigação não é séria, o laudo não é sério".  

Sobre a acusação dizer que Lorenza já estava morta antes da chegada do socorro, o advogado de defesa negou e mostrou relato do médico dizendo que "tentou de tudo" para reanimá-la. "Se entuba cadáver? Óbvio que não". Para terminar o tempo de fala, Saraiva utilizou a frase: "não é possível se enganar a todos o tempo todo".

Ainda podem haver questões preliminares por parte dos desembargadores. Só assim inicia-se a votação pelo veredicto. O primeiro a votar é o relator,  seguido do revisor. O presidente da sessão não vota. Seguidos dos demais.  Em caso de empate, prevalece o voto favorável ao réu. A previsão de encerramento da sessão é às 20h.