Saúde

Demora no atendimento da UPA Barreiro revolta pacientes: 'Descaso total'

Um funcionário afirmou que a unidade de saúde está “sobrecarregada durante toda esta semana

Por Vitor Fórneas
Publicado em 28 de abril de 2022 | 17:07
 
 
 
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A demora no atendimento, mais uma vez, é alvo de reclamações dos usuários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Barreiro, em Belo Horizonte. A reportagem de O TEMPO esteve no local, nesta quinta-feira (28), e encontrou pessoas que chegaram nas primeiras horas do dia e ainda aguardavam ser chamadas para as consultas médicas.

A operadora de caixa Raquel Marins de Andrade, 40, conta ter feito um “auê” para garantir o atendimento da mãe de 75 anos que sofreu uma crise convulsiva. “Quando chegamos era 11h e já estava dando 14h e nada dela passar no médico. Minha mãe vomitou sangue e perguntei o motivo de tanta demora: fui informada que os médicos estavam prestando assistência a duas pessoas que acabaram morrendo”.

A justificativa para a demora não convenceu Raquel. “Comecei a fazer um show e falei que minha seria atendida naquela hora. Saiu médico de todo lado e somente depois disso ela teve a consulta e medicada”.

Era 6h quando a diarista Francis Mara Costa, 54, deu entrada na UPA Barreiro com a filha, de 20. A jovem está com a garganta inflamada e sequer consegue alimentar por conta das dores. Passados mais de dez horas, ela ainda aguardava ser chamada.

“O paciente chega doente e sai muito pior. Não tem palavras para descrever este lugar. Não sei quem é o culpado, só que pagamos imposto, somos trabalhadores e merecemos um pouco mais de respeito”, desabafa a diarista que perdeu o dia de serviço.

Apagão

O garçom Alexandre Antônio, 32, compareceu à UPA por duas vezes, em um curto intervalo, na tentativa de ter o diagnóstico para as dores que sentia. “Cheguei ontem às 19h, deu 1h e a luz acabou. Depois disso não atenderam mais ninguém. Voltei pra casa e às 7h retornei pra cá e sigo esperando”.

Diante de tanta demora, ele afirmou: “é um descaso total com a população”.

‘Vazio’

Familiares de uma idosa viviam momentos de angústia com a espera pela transferência para um leito de Centro de Terapia Intensiva (CTI). O filho dela conversou em anonimato com a reportagem. Ele contou que a mãe teve um aneurisma e o estado de saúde era complicado.

“Já são mais de cinco horas aguardando a transferência. Sinto um vazio, estou de mãos atadas. É uma dor que não tem como mensurar. Não desejo isso para nenhum filho: ver a mãe precisar de [leito] CTI e não ter onde colocar”.

Demora confirmada

Um funcionário da UPA Barreiro afirmou que a unidade de saúde está “sobrecarregada” durante toda esta semana. “Fora do normal o número de pessoas que está vindo aqui. A semana inteira assim e quando chega o fim da tarde lota ainda mais e vai até o outro dia”, disse também em anonimato.

Segundo ele, o fechamento do Pronto-atendimento do Hospital Júlia Kubistchek agravou a situação. “Aqui era até rápido, mas fechou lá e complicou”, comentou. Este funcionário ainda negou que tenha ocorrido mortes que atrasaram.

Na entrada da UPA Barreiro um quadro mostra a relação dos profissionais para atendimento nesta quinta:

Médicos de referência

  • Clínica médica - 2 - das 7h às 19h
  • Ortopedia - 2 - das 7h às 19h
  • Cirurgia - 1 - das 7h às 19h

Enfermeiro de referência 

  • Pediatria - 3 - das 7h às 19h 
  • Enfermeiros - 4 - 24h
  • Classificação - 2 - 24h

Plantonistas

  • Clínico geral - 2
  • Cirurgião - 1
  • Ortopedista - 2
  • Pediatra - 3

PBH

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que, "nesta quinta, a demanda de casos leves, de pacientes classificados como verde, tem sido maior".

"Isso impacta no tempo de atendimento. A unidade adota o sistema de classificação de risco do Protocolo de Manchester, sendo priorizado o atendimento de pacientes mais graves, o que pode impactar no tempo de espera para os casos menos graves. Foram classificados 155 pacientes, sendo 113 como verde", afirmou em trecho da nota encaminhada.

Matéria atualizada às 17h43

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