DESESPERO

"O crime não compensa, dois inocentes morreram", disse a mãe e avó das vítimas mortas em Neves

As mortes ocorreram em um sítio, em Ribeirão das Neves, na noite dessa quinta-feira (23)

Por Alice Brito
Publicado em 24 de maio de 2024 | 15:57 - Atualizado em 24 de maio de 2024 | 19:04
 
 
 

A auxiliar de serviços gerais Izaltina Luciana Moreira é a avó do menino Heitor Felipe, de 9 anos, e a mãe de Felipe Júnior Moreira, de 26. Os dois foram assassinados durante uma festa de aniversário realizada na quinta-feira (23), em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. Além deles, uma menina, de 11 anos, prima do menino assassinado, também foi morta. 

Ainda muito abalada, Izaltina lembra que há cerca de três meses, a família é ameaçada por criminosos, tanto que a comemoração só foi realizada a pedido das crianças. O filho dela, Felipe Júnior, integra uma organização criminosa que pertence ao bairro Morro Alto, em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte. Felipe estava sendo ameaçado de morte por integrantes de facções rivais da região.  

A família afirma que foi pega de surpresa e não que não imaginava tamanha audácia e crueldade dos criminosos ao matar duas crianças. "Meu filho estava sendo ameaçados de morte, ele tem envolvimento com o crime, por isso, não queríamos fazer a festa. Só fizemos a comemoração porque as crianças pediram muito. Fiz até um vídeo agradecendo a Deus por aquele momento em família e não imaginávamos que isso poderia acontecer. O crime não compensa gente, dois inocentes morreram", avaliou, emocionada, Izaltina. 

Lembranças do crime

A mulher ainda se recorda dos momentos de pânico vividos no sítio. Izaltina viu os homens chegando, lutou contra um deles e ainda presenciou os familiares serem mortos. "Chegaram dois homens armados no final da festa. Eles desceram atirando em quem podiam, foi uma gritaria e um corre-corre horrível", recordou a mulher. 

A Polícia Civil de Minas Gerais já pediu a prisão temporária de um dos suspeitos da chacina.

Sonho interrompido

Em meio a dor e ao luto duplo Izaltina ainda lembrou que, nesta sexta-feira (24), o netinho ia treina futebol, uma paixão que a criança nutria. 

"Meu neto tinha o sonho de jogar futebol e isso não vai mais acontecer. Eles mataram uma criança por covardia. Eles já tinham atirado no nosso portão, queriam que a gente fosse embora do bairro, mas fazer uma coisa dessas não era necessário tamanha monstruosidade. ", desabafou a mulher.

O clube Atlético se solidarizou com a família do menino Heitor Felipe.

 

Facções prometem vingar a morte das crianças

Conforme  fontes ligadas a investigação, após a morte das crianças, lideranças do crime que integram diversos bairros de Vespasiano prometem se juntar para fazer vingança. "Os traficantes da cidade repudiaram a morte das crianças. A comoção possivelmente vai causar uma guerra entre criminosos que querem exterminar o grupo que os homens que mataram as crianças fazem parte", destacou uma fonte ligada a investigação em anonimato.

Emboscada

Ainda de acordo com fontes ligadas a investigação, o homem estava jurado de morte por conta da violenta disputa pelo tráfico de drogas no bairro Morro Alto, em Vespasiano. Tanto, que há algumas semanas, criminosos rivais teriam arquitetado uma emboscada para matar Felipe Júnior, entretanto, o grupo foi preso horas antes de cometerem o extermínio. "Isso só aumento ainda mais a raiva da organização rival que começou a perseguir Felipe, até que conseguiram matá-lo. A morte das crianças revela que os criminosos, de fato, queriam aterrorizar e deixar uma marca de destruição que não poderá ser apagada", destacou a fonte que preferiu o anonimato. 

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