Patrimônio

Desabamento em Ouro Preto: imóveis estavam interditados há 10 anos, diz prefeito

O chefe do Executivo da cidade detalhou que, um dos imóveis atingidos, um casarão azul, era a primeira construção neo-colonial da cidade, datada de 1906

Por Lucas Negrisoli
Publicado em 13 de janeiro de 2022 | 12:41
 
 
 
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Os dois imóveis atingidos por um deslizamento de terra em Ouro Preto, na região Central de Minas Gerais, nesta quinta-feira (13), estavam interditados desde 2012 – há dez anos – devido à inclusão da área como ponto de risco para deslizamentos.

Os arredores do Morro da Forca, formação rochosa que desabou, foram bloqueados para trânsito de pessoas nessa quarta-feira (12) após sinais de instabilidade causados pelas fortes chuvas terem sido identificados.

Não houve vítimas, e não há previsão para que a região seja liberada. Ambas as construções eram tombadas como patrimônio de Minas Gerais.


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A informação é do prefeito de Ouro Preto, Ângelo Osvaldo (PV), e do secretário municipal de Obras e Urbanismo, Antônio Simões Neto. O chefe do Executivo da cidade detalhou que, um dos imóveis atingidos, um casarão azul, era a primeira construção neo-colonial da cidade, datada de 1906. "

“Havia há 10 anos uma interdição dos dois imóveis que estavam na encosta justamente pelo risco de deslizamento. Grande volume de material caiu”, explica Osvaldo. À época, em 2012, o prefeito também estava na gestão do município. Ele afirma que projetos para que incidentes do tipo fossem evitados estavam formulados, mas não foram tocados até 2021, quando retornou ao posto. 

“Sabíamos do risco, havia sondagens e levantamento topográfico para execução de uma contenção atrás do casarão. É uma área instável, mas não prevíamos que seria de tal magnitude. No final de 2012, a área foi catalogada como ponto de risco. Seria feito um processo de solo grampeado, em que se faz uma tela com tirantes atrás do casarão, e teríamos todo o terreno seguro para deslizamentos”, detalha Antônio Simões Neto. "É uma perda, não só como bem do município, mas de uma parte da nossa história", acrescenta.

Contenção nas proximidades

A Defesa Civil havia formado um cerco de 500 metros para cada saída nas proximidades da formação rochosa e todas as pessoas foram evacuadas. 

“Conforme informações do local, ainda há uma instabilidade do talude. Se houver outro desmoronamento, há a possibilidade de um hotel e um restaurante serem atingidos”, pontua o Corpo de Bombeiros em nota à imprensa.

Alerta

Um agente da Defesa Civil de Minas Gerais aparece em vídeo alertando a população de Ouro Preto, na região Central do Estado, pouco antes de o Morro da Forca, na praça da Estação, ter desabado na manhã desta quinta-feira.

Ele afirmou que o trânsito estava interditado na região e que o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e um geógrafo haviam sido acionados para análise de risco na formação rochosa.

História

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informa, por meio da Superintendência em Minas Gerais e do Escritório Técnico em Ouro Preto, que o casarão devastado pelo deslizamento de terra do Morro da Forca nesta quinta-feira, é uma construção que compunha o Conjunto Arquitetônico e Urbanístico da cidade. 

“A área vinha sendo monitorada pela Defesa Civil desde o final de 2021, por ocasião das fortes chuvas que afetam a região. O Escritório Técnico do Iphan esteve no local poucos minutos após o desastre, e vem acompanhando o andamento da situação, por meio de troca constante de informações junto à prefeitura municipal e às demais entidades competentes”, diz nota. 

O casarão foi erguido no fim do século XIX, segundo o Iphan, por “uma tradicional família de comerciantes da região”. O registro mais antigo do imóvel é de 1890, quando o terreno foi comprado pela família Baeta Neves. 

“O casarão foi construído nos dois anos seguintes, às margens do Córrego do Funil, próximo à Estação Ferroviária, local que mais se desenvolvia na cidade, antes da transferência da capital para Belo Horizonte. O Casarão passou por obras de restauro em 2010, através do Programa Monumenta”, completa o órgão.

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