Os 136 integrantes do Exército israelense que chegaram a Brumadinho, na última segunda-feira, para auxiliar nos trabalhos de busca e resgate das vítimas do rompimento da barragem I da mina de Córrego do Feijão, se despediram nesta quinta-feira (31) do Brasil apenas três dias após o início dos trabalhos.
Conforme adiantou O TEMPO na edição desta quinta-feira, uma fonte revelou que um “mal-estar generalizado” teria sido motivo do retorno precoce, pois a tropa ficaria uma semana ou “o tempo que fosse necessário”, segundo havia informado a embaixada do país no Brasil.
No primeiro dia de atuação em terras brasileiras, a avaliação realizada pelo comandante do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Eduardo Ângelo, responsável pelas buscas, causou estranheza. “O imageador que eles têm pegam corpos quentes, e todos os corpos são frios. Então, esse já é um equipamento ineficiente”, afirmou à época. Em seguida, o porta-voz da corporação, tenente Pedro Aihara, comentou que a declaração do oficial havia sido mal interpretada pelos veículos de imprensa que entrevistaram Ângelo.
Nesta quinta-feira, em entrevista coletiva realizada na faculdade Asa, em Brumadinho, as equipes que atuam nas operações de busca e resgate se mostraram incomodadas com as declarações de possível desentendimento entre os envolvidos e o exército israelense.
O tenente Aihara fez questão de destacar a atuação dos militares israelenses. “A tecnologia e os homens de Israel foram essenciais no trabalho para encontrar corpos”, comentou. O oficial explicou ainda que a partida do Exército de Israel não aconteceu de forma antecipada, mas por questão logística de aeronaves.
Antes de partirem, os militares do Exército de Israel foram homenageados pelo Corpo de Bombeiros, na manhã desta quinta-feira.
Composição
A delegação israelense, composta por oficiais reservistas e soldados, contava com engenheiros, médicos, profissionais de resgate, bombeiros e membros da Marinha. Somente o transporte da equipe teria custado US$ 7 milhões ao país de origem dos militares.
Equipamentos trazidos pela comitiva israelense, mais de 16 toneladas, como radares que captam sinais de celular, diferenciam lama de concreto e facilitariam a localização de corpos em grandes profundidades, poderiam acelerar o processo de localização de vítimas.
Só reconhecimento por DNA
O porta-voz da Polícia Civil, Arlen Bahia, informou nesta quinta-feira que o reconhecimento dos corpos resgatados em Brumadinho após o rompimento da barragem I da mina de Córrego do Feijão ainda está sendo possível por meio das digitais.
Entretanto, com o avançar dos dias e consequente decomposição, o uso do exame de DNA deverá ser mais recorrente. “Daqui para frente, em função da decomposição dos corpos, o reconhecimento deverá ser por meio de DNA”, destacou em entrevista coletiva.
Arlen Bahia também ressaltou que o método de reconhecimento por meio de arcada dentária poderá ser utilizado nesse processo.
Coleta
A Polícia Civil informou nessa quinta-feira que coletou DNA de 152 pessoas de 73 famílias, na quarta-feira (30), para tentar identificar os corpos que estão no Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte. (Laura Maria/Natália Oliveira)
Bombeiros atuaram na região do refeitório
Nesta quinta-feira pela manhã, militares do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais retomaram as buscas em Brumadinho – até o fim do dia, foram registrados 110 óbitos, 238 desaparecidos, 394 localizados e 71 corpos identificados pelo Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte. Divididos em equipes por diferentes regiões, os bombeiros atuaram com maior intensidade na região onde ficava o refeitório da mina – de acordo com relatos de sobreviventes, seria o local com maior concentração de pessoas no momento do rompimento da barragem.
As equipes dos bombeiros também atuaram em rodízio para que, assim, pudessem descansar. (Mariana Nogueira)
Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro agradeceu nesta quinta-feira, em seu perfil no Twitter, pelo encerramento da atuação das tropas israelenses em Brumadinho. “As bravas tropas israelenses, cedidas pelo primeiro-ministro, encerram a missão no Brasil. Agradeço, em nome do povo brasileiro, ao Estado de Israel”, escreveu.
228 horas
O tenente do Corpo de Bombeiros Pedro Aihara destacou o trabalho aéreo realizado pela corporação em Brumadinho. Segundo ele, os militares já sobrevoaram a cidade por 228 horas em busca de vítimas em 424 missões de voo. “Em conjunto com Mariana, esta é a maior operação de resgate feita até hoje em Minas”, comentou.
Por pouco
Susto. Na quarta-feira, durante as buscas, oito militares acabaram pisando em uma área vulnerável e afundaram, ficando cobertos de lama até o pescoço. Eles foram socorridos.
Fora da ‘área quente’
Um corpo foi encontrado na manhã desta quinta-feira fora da chamada “área quente” – principal região atingida pelo rompimento da barragem em Brumadinho, na última sexta-feira, dia 25. De acordo com informações do major Flávio Santiago, porta-voz da Polícia Militar (PM), o corpo estava na jusante do rio Paraopeba, próximo à entrada de Brumadinho. A PM acredita que o corpo deve ter sido levado pela correnteza do rio.