Há pouco mais de duas semanas, fomos surpreendidos pela notícia quase inacreditável de que mais uma barragem de rejeitos de minério havia se rompido em Minas. Sem a menor ideia do tamanho da tragédia que estava diante de nós, iniciamos nossa mobilização em direção a Brumadinho, local da destruição. À medida que as horas passavam, o cenário de horror se desenhava. Era desolador o que víamos, mas isso só reforçava a certeza de que estávamos diante do maior desastre da história de Minas, e nosso dever era mostrar com equilíbrio, isenção, rigor e, sobretudo, de maneira humana e respeitosa, o que se passava com as famílias da cidade. Fizemos, nas últimas duas semanas, uma cobertura com a marca dos 22 anos de O TEMPO e quase 17 do Super Notícia. Na redação, editores, redatores e repórteres se mobilizaram com o sentimento de que deviam fazer um trabalho de excelência, e isso deveria estar também no portal O Tempo e no noticiário da Super Notícia 91.7 FM. Não houve um profissional sequer que não tenha se engajado. Ao contrário, as ofertas de ajuda para integrar a cobertura ou para melhorar o conteúdo vinham a todo momento, de todas as editorias. Equipes saíam às ruas diariamente, antes das 5h, e, quase meia-noite, ainda estávamos na redação, finalizando o conteúdo que seria entregue nas bancas e nas casas dos assinantes horas depois. Era o resultado da apuração atenta de repórteres e fotógrafos, com a edição cuidadosa de subeditores, redatores, diagramadores, infografistas e revisores de texto. Do comando da redação recebemos autonomia e confiança, essenciais no trabalho. Nossos leitores também foram e têm sido parceiros fundamentais, com sugestões de abordagens, denúncias, críticas e elogios. No portal estão conteúdos exclusivos para o formato. Com as famílias de Brumadinho e de funcionários da Vale mortos, desaparecidos ou feridos nessa avalanche de lama mantemos nosso compromisso: não vamos parar. Estaremos todos os dias cobrando providências e exigindo respostas. Seremos a voz dos que morreram como invisíveis diante de laudos imprecisos e irresponsáveis, que só visavam cifras. Debaixo da lama da Vale não estão só estatísticas: estão homens, mulheres e crianças. Cada um com seu sonho. Cada vítima é 100% de dor e sofrimento para uma família. Debaixo da lama da Vale estão histórias de vida que indenização nenhuma será capaz de compensar. São namoros interrompidos, casamentos desfeitos, mães solitárias, formaturas que jamais existirão, abraços de aniversário que nunca mais serão dados, Dia das Mães tomados pelo choro e pela dor. O que tem acima daquela lama é tristeza deixada pela ganância e pela irresponsabilidade. E muita justiça a ser feita.
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