Para o promotor responsável pela investigação do rompimento da barragem I da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, William Garcia Pinto Coelho, a tragédia, que deixou centenas de mortos, “não foi acidente”.
Em coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira (15), o coordenador da força-tarefa do núcleo criminal que apura os crimes relacionados ao rompimento da barragem afirmou que o Ministério Público já tem indícios de que houve um conluio entre funcionários da Vale e da empresa alemã TÜV SÜD para maquiar a situação de risco da barragem em Brumadinho.
“Foram encontrados diversos elementos de prova que demonstram de forma muito contundente que não foi um acidente. Funcionários da empresa Vale e da TÜV SÜD tiveram acesso a informações que demonstravam o estado crítico da barragem B1 de forma que eles assumiram sim o risco do rompimento e o risco do resultado – a morte de centenas de pessoas”, afirmou o promotor.
Ainda de acordo com Coelho, dentro de suas atribuições, os funcionários das duas empresas poderiam intervir e não fizeram nada nesse sentido. “Percebe-se uma intensa articulação para torturar os números de forma a atestar a estabilidade da barragem apesar de seu estado crítico de segurança”, completou.
Segundo o MPMG, dos oito funcionários da Vale presos nesta sexta-feira (15), quatro são gerentes e quatro de áreas técnicas da Vale. De acordo com o órgão, todos estariam diretamente envolvidos na segurança e estabilidade da estrutura da barragem. Além das prisões temporárias, a operação cumpriu mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Nesta sexta-feira (15), dois presos — Cristina Malheiros e Felipe Rocha — prestaram depoimentos à força-tarefa. A previsão é que as oitivas devam prosseguir na próxima semana.
De acordo com o delegado Bruno Tasca, chefe do Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), os homens presos foram encaminhados para a penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de BH. Já as mulheres foram levadas para o Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, no bairro Horto, na região Leste de Belo Horizonte.
Investigações
Na sede da Vale, no Rio de Janeiro, o delegado Leandro Wili disse que documentos, atas, eletrônicos, um HD e um notebook foram apreendidos na sede da mineradora. “A nossa missão é entender, dentro de um complexo organograma da empresa, como isso foi sendo deliberado internamente”, destacou.