O dia 25 de janeiro, data em que o rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho, completa três anos, foi marcado mais uma vez pela saudade das 272 vidas perdidas e pela revolta envolvendo os desdobramentos do caso.

No letreiro da cidade de Brumadinho, familiares e amigos das vítimas se reuniram para homenagear aqueles que se foram. Às 12h28, pontualmente, balões brancos e pretos foram soltos no céu como forma de relembrar cada uma das vidas perdidas, e os dias de luto.

Mas em meio à saudade, a revolta também esteve presente no discurso dos afetados pela tragédia ocorrida na mina do Córrego do Feijão. No local da homenagem, vários cartazes e camisetas estampavam a mensagem "Vale Assassina", em protesto com a empresa responsável pela tragédia. Até hoje, nenhum responsável pelo crime foi preso.

Segundo Alexandra Andrade, 41, que preside a Associação dos familiares das vítimas da tragédia da Vale (Avabrum), o ato também foi uma forma de pressionar a Justiça pelo julgamento do crime.

"Nós precisamos que os culpados sejam responsabilizados porque a impunidade torna o crime recorrente. E nós queremos também que mais famílias não passem pelo mesmo. A nossa luta é por Justiça, o encontro de todas as jóias e a memória dos que se foram"

Entre os afetados pelo crime, a angústia é mais presente nas seis famílias que ainda buscam pelos corpos dos desaparecidos que ainda são alvo de busca pelos bombeiros em Brumadinho. O aposentado Arnaldo Nunes Silva, 55, era pai do Thiago Tadeu Mendes Silva, uma das seis joias de Brumadinho. 

Ele relata a expectativa pela encontrada do filho, que na época tinha 34 anos. "Não está sendo fácil, a saúde da gente, nesse período, foi muito impactada. A cada dia que passa o aperto no coração só aumenta. Hoje em dia eu sou uma pessoa que vive a base remédios", relata.

A auxiliar contábil Tânia de Oliveira, 49, é mãe de outra joia, a Nathalia Araújo, que tinha 26 anos e estagiava na Vale. Ela ainda tem esperança de encontrar ao menos um fragmento da filha para realizar o enterro. "Eu tenho esperança de encontrar para que possamos fazer um enterro digno. Eu tenho fé em Deus que isso ainda vai acontecer", conta.

No ato em homenagem às vítimas, a decisão do Superior Tribunal de Justiça de transferir para a esfera federal o inquérito sobre o rompimento da barragem foi durante criticado.

O Ministério Público de Minas Gerais ainda aguarda o pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a decisão.

Vale

Por meio de nota, a Vale informou que desde 2019, foram desembolsados cerca de R$ 20 bilhões para promover a reparação e compensação dos danos sociais e ambientais. "Esse montante considera R$ 2,6 bilhões destinados às indenizações individuais e os valores desembolsados previstos no Acordo de Reparação Integral, incluindo depósitos judiciais".

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