Motoristas de aplicativo que não aderiram à paralisação marcada para esta quarta-feira (8), em Belo Horizonte e na região metropolitana, fizeram sérias denúncias em grupos de WhatsApp. Inúmeras mensagens por eles enviadas dão conta que seus veículos foram danificados por adeptos do movimento de reivindicação.
Vidros quebrados e portas amassadas são apenas alguns dos exemplos de prejuízos supostamente provocados. Warley Leite, administrador de grupos no WhatsApp e fundador de uma rede de benefícios para motoristas, contou ter sido procurado por 23 pessoas que sofreram danos em seus bens ao longo do dia.
Ele conta que a ação dos vândalos possuía uma característica própria: motoristas chamavam outros pelo aplicativo a fim de saber quem estava "furando o movimento". Quando o motorista chegava ao ponto de partida marcado pelo suposto passageiro, era atacado.
Nos grupos de WhatsApp, há registros de que as violências teriam acontecido nas regiões central, Barreiro, Venda Nova e bairros Santa Efigênia e São Mateus. Na região metropolitana, motoristas contaram ter sido atacados em Contagem e Betim.
"A galera que sofreu os ataques está com muito medo. Nem boletim de ocorrência eles quiseram fazer para não ter chance de haver qualquer rastreamento. Alguns só me deixaram mandar as fotos se não mostrasse placa ou qualquer coisa que pudesse identificar", contou Warley.
Adepto do movimento de paralisação que reivindica melhorias nas taxas pagas pelo aplicativo aos profissionais e questiona as altas sucessivas no valor da gasolina, Warley é contra a atitude dos vândalos. "95% dos motoristas desaprovam as atitudes violentas. Tanto dos vândalos quanto dos motoristas que estão andando armados. É o momento de nos unirmos sem violência", defende.
Vídeos mostram motoristas armados
Ao longo de todo o dia, a reportagem de O TEMPO recebeu de leitores vídeos em que supostos motoristas da Uber e da 99 mostram que estão andando armados. Em dois deles, os autores da filmagem explicam que estão usando as armas para se defender em caso de agressões de outros motoristas.
No primeiro vídeo recebido, o homem que não mostra o rosto na filmagem diz que está armado e não quer ninguém ameaçando os amigos que rodam em Betim e nas proximidades do bairro Cachoeirinha, na região Nordeste de Belo Horizonte.
Em outra gravação, um suposto motorista diz que "gosta da greve porque está faturando com a tarifa dinâmica" e mostra uma nota de R$ 10 que teria sido ganha em "uma corrida de três minutos". Ele ainda fala qual carro está dirigindo e que está usando uma camisa de clube de futebol.
No decorrer da gravação, esse motorista aponta a câmera para o tapete do lado do motorista e mostra que está com uma pistola. Ele confirma que a arma não seria falsa e ainda a descarrega, mostrando que em seu interior estão todas as munições que cabem no carregador.
Empresas repudiam violência
Nesse vídeo segundo vídeo específico, o homem afirma que dirige para a 99 e mostra adesivos da empresa colados ao veículo. Procurada, a 99 informou que "repudia veementemente quaisquer manifestações de violência por motoristas que atuem na plataforma".
Segundo a empresa, o caso do suposto motorista armado está sob investigação "para tomar as providências". Além disso, a 99 disponibilizou o número 0800-888-8999 para que denúncias quanto incidentes de segurança possam ser efetuadas.
Quanto as manifestações, "a 99 é a favor da liberdade de expressão dentro dos limites legais", comunicou.
Procuradas, as polícias Civil e Militar afirmaram que não receberam nenhuma denúncia sobre motoristas andando armados. A Polícia Militar informou ainda que, se durante uma abordagem, o motorista é encontrado com uma arma e não tiver posse e porte, ele será imediatamente conduzido para a prisão.
Na terça-feira (7), às vésperas do protesto, a Uber havia informado que não se pronunciaria sobre as manifestações. Dados os ataques sofridos por motoristas em todo o Brasil, a empresa comunicou que "considera inaceitável o uso de violência" e disse esperar que "motoristas parceiros e usuários não se envolvam em brigas e discussões", pontuou.
Veja vídeo: