Em MG, apreensão de veículos de transporte irregular já é 10% maior que em 2019

Enquanto o transporte regular teve restrições de circulação nas rodovias em função da pandemia, os clandestinos avançaram com tudo pelas vias estaduais e federais que cortam Minas Gerais. O número de veículos apreendidos por transporte irregular de passageiros de janeiro a outubro no Estado já é 10% maior do que os flagrados em todo o ano de 2019. 

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) retirou de circulação 114 veículos ilegais das vias federais que cortam Minas, de janeiro até anteontem. E o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DER-MG) removeu 450 das vias estaduais até o início de outubro. Os dois órgãos flagraram, juntos, 564 clandestinos. No ano passado todo, foram 509. 

Para a conselheira da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati), Letícia Pineschi, os números refletem duas situações: o avanço da clandestinidade nos últimos anos e o impacto da pandemia. Como nem todos os irregulares são pegos, a associação estima um crescimento de 30% na atuação deles neste ano. 

“Já vinha crescendo por conta do tamanho da malha rodoviária do país e a consequente dificuldade de monitoramento. Mas a quarentena piorou a situação, já que houve proibição de circulação de transporte regular para evitar contaminação e o clandestino operou sozinho, porque quem precisava de transporte deu um jeito de viajar”, disse. 

Campanha

Com a proximidade do feriado de Finados, que deverá aumentar o fluxo de viajantes nas rodovias de todo o país, a Abrati lançou a campanha “Sua Vida Vale Mais! Diga Não ao Transporte Clandestino”.

Às vésperas do feriado de Finados, o aliciamento de passageiros para o transporte irregular segue à solta na rodoviária de BH. 

Pensando estar em contato com um cliente, um dos envolvidos no esquema informou que, para Ipatinga, tinha veículo pequeno e van disponíveis todos os dias. “Pode chegar aqui que te encaixa”, disse sobre a possibilidade de viagem na noite de hoje.

A facilidade de acesso e o baixo custo podem ser pagos com a vida do passageiro, segundo o gerente de fiscalização substituto da ANTT, Fernando Carlos Psarski Cabral. “Os acidentes que ocorrem com os clandestinos são quatro vezes mais letais do que os que ocorrem em carros regulares por causa das condições dos veículos”, diz.