Quase 20 mil casos de Covid-19 foram registrados em Minas Gerais ao longo dos três primeiros dias de junho. O número representa 34% dos registros de todo o mês anterior, quando 58.366 confirmações da doença aconteceram no estado. O número assusta, pois, em maio, o estado teve praticamente o dobro dos 30.965 casos registrados em abril deste ano. Os dados indicam, segundo infectologistas ouvidos por O TEMPO, para uma nova onda de contaminações que demanda atenção das autoridades de saúde e, principalmente, da população. 

Os dados, disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), contradizem o que foi dito pelo próprio secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, que, no último dia 26 de maio, afirmou não haver motivos para "imaginarmos a 4ª onda da pandemia". Para o infectologista Estevão Urbano, a rápida elevação dos casos confirmados indicam justamente que estamos enfrentando uma nova onda, em suas palavras, "fortíssima".

"Não está impactando muito na rede hospitalar por causa das vacinações. Mas os números servem de alerta, pois, mesmo em vacinados, é um quadro clínico muito chato. A pessoa tem um sofrimento, na forma aguda, por vários dias, além de ter a chance de ter a Covid longa, quando os sintomas podem perdurar por meses em algumas pessoas. Isso sem falar no risco de transmitir para pessoas de maior risco, como idosos e imunossuprimidos", pontua. 

A preocupação é compartilhada com o também infectologista Leandro Curi. Ele explica que esse aumento é causado por diversos fatores. "Esse quadro que estamos enfrentando vem das subvariantes da ômicron, que não geram imunidade entre uma e outra, juntamente com a questão vacinal - que não está ótima -, com a abertura de locais sem o controle, do não uso de máscaras e, é claro, do tempo frio", argumenta. 

Ele aproveita para orientar a população. "Vacinem-se, usem máscara sempre que puderem e escolham sempre ambientes arejados. Todas as recomendações seguem válidas e, vendo os números em ascensão, confirmamos que a prevenção é o melhor que podemos fazer agora", finaliza Curi. 

Entretanto, a boa notícia é que, apesar dos aumentos das contaminações pelo vírus, o número de mortes não parece acompanhar a tendência. Se em abril foram registrados 446 óbitos em decorrência da Covid, em maio, mesmo com o dobro de contaminações, o número caiu para 270 mortes, um redução de 39%.  

Comitê recriado em BH

Dois meses após o encerramento do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o grupo de profissionais que integrou a força-tarefa, e que ajudou a conduzir as ações de combate à enfermidade na capital, vai retomar os trabalhos sem a administração municipal. 

De acordo com o infectologista Unaí Tupinambás, integrante do novo Comitê Popular Beagá de Combate à Covid, o intuito do retorno é alertar a população de que a pandemia não acabou.