PANDEMIA SEGUE

Comitê de enfrentamento à Covid-19 será recriado mesmo sem a ajuda da PBH

Conforme especialistas, cidade deveria retomar com o boletim epidemiológico diário e com obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados

Por Anderson Rocha
Publicado em 02 de junho de 2022 | 17:55
 
 
 
normal

Dois meses após o encerramento do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 pela Prefeitura de Belo Horizonte, o grupo de profissionais que integrou a força-tarefa, e que ajudou a conduzir as ações de combate à enfermidade na capital, vai retomar os trabalhos sem a PBH. A reunião de retorno será na tarde desta sexta-feira (3).

De acordo com o infectologista Unaí Tupinambás, integrante do novo Comitê Popular Beagá de Combate à Covid, o intuito do retorno é alertar a população de que a pandemia não acabou. Segundo ele, o aviso é necessário porque a PBH, após ter se destacado como uma das capitais que melhor enfrentou a Covid no Brasil, perdeu um pouco a mão.

“Acostumados com a postura proativa e assertiva (da prefeitura), toda a população estranhou a mudança brusca na publicação dos dados epidemiológicos da PBH e a suspensão da obrigatoriedade do uso de máscara nos locais fechados”, disse o especialista.

De acordo com Tupinambás, é compreensível que as pessoas estejam cansadas (de usar o acessório) e sofrendo impactos econômicos e sociais impostos pelo modelo de enfrentamento da pandemia no país, mas “negar o cenário pandêmico não é o melhor caminho no momento”.

O que é preciso fazer?

O também infectologista Estevão Urbano, que fez parte do Comitê original, declarou que a prefeitura seguiu “pontos de vista” diferentes do que ele, como profissional, consideraria melhores. Por essa razão, ele decidiu colaborar na criação do novo comitê.

“Se fosse eu, pessoa física, eu continuaria liberando o boletim, e também já estaria solicitando o uso de máscaras em locais fechados. Mas é difícil falar que é uma falha. Não existe certo e errado nesse caso, existem pontos de vista”, pontuou.

O boletim epidemiológico, que trazia dados diários sobre o avanço da pandemia desde março de 2020, passou a ser divulgado uma vez por semana no início de abril. Três semanas depois, ganhou divulgação duas vezes por semana, o que vale até então.

Situação não está tranquila

Para Tupinambás, a população precisa ficar ciente de que os casos de Covid-19 estão aumentando. “Com menos casos graves, mas existe a Covid longa ou pós-Covid, que ainda é um desafio. No Reino Unido, dois milhões de britânicos estão sofrendo com a Covid longa, e isso impacta a assistência das UPAs”, disse.

Para ele, o aumento de casos nesse momento “pós-pandêmico” é resultado de vários fatores, incluindo a suspensão do uso de máscara em locais fechados, e o próprio outono/inverno, onde as pessoas se aglomeram em locais fechados e pouco ventilados, propiciando maior facilidade de circulação de vírus respiratórios.

“Outro ponto crítico é a capacidade da variante Ômicron de invadir a resposta imune vacinal e de infecções prévias. Então é importante frisar que três doses protegem contra a forma grave, mas não protegem da infecção. Quem não atualizou o calendário vacinal, procure uma UBS”, finalizou.

Situação da Covid em Minas 

Nas últimas 24 horas, Minas registrou 6.115 novos casos confirmados de Covid-19. Outras 140.407 notificações estão em acompanhamento pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Desde o início da pandemia, 61.579 pessoas perderam a vida no Estado. Os dados fazem parte do boletim epidemiológico divulgado pelo governo de Minas.

Situação da Covid em BH

Já na capital, não há mais a publicação de casos e óbitos por dia. Assim, no total deste ano, já são 578 mortes em decorrência da enfermidade causada pelo coronavírus em BH. Os casos confirmados somam 84.178.

A reportagem de O Tempo procurou a PBH para questionar sobre a criação do novo Comitê, bem como para posicionamento relacionado às críticas feitas pelos infectologistas, e aguarda retorno. 

Comitê Popular Beagá de Combate à Covid

Além dos infectologistas Unaí Tupinambás, Estevão Urbano e Carlos Starling, o Comitê Popular Beagá de Combate à Covid contará com a professora e pediatra Cristina Cristina Alvim (Comitê UFMG); o epidemiologista Henrique Guerra; e o professor emérito da UFMG Dirceu Greco.

Além deles, irão participar do grupo a Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia; a Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais; o Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte; o Diretório Central dos Estudantes da UFMG; o Instituto Helena Greco; o Observatório de Políticas e Cuidados em Saúde da UFMG; a Pastoral da Saúde; o Conselho Regional de Psicologia; o Sindicato dos Enfermeiros de Minas Gerais; e o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!