Em Campina Verde

Está calor em BH? Termômetro no interior de Minas chegou a 40,7ºC

Clima de deserto também toma conta das cidades mineiras; em Buritizeiro, no Norte de Minas Gerais a umidade relativa do ar em 7%

Por Natália Oliveira e Lara Alves
Publicado em 29 de setembro de 2020 | 15:48
 
 
 
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Enquanto os belohorizontinos reclamam do calor na capital, que nesta terça-feira (29) chegou a 36,5ºC, pelo interior a situação é bem pior. A cidade de Campina Verde registrou 40,7ºC, a temperatura mais alta do Estado. O tempo também permanece bem seco em todo Estado. A cidade de Buritizeiro, no Norte de Minas Gerais tem clima de deserto com a umidade relativa do ar em 7%, muito abaixo do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que estima como acima de 60% como ideal e abaixo de 30% níveis críticos.

A temperatura mínima da capital mineira bateu recorde nesta terça-feira como a mais alta do ano, com os termômetros marcando 23,4ºC na Pampulha e pelos próximos dias, o calor na capital e no interior vai continuar. 

Belo Horizonte está prestes a encarar o dia mais quente de sua história – ou pelo menos da série de medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) iniciada há 110 anos. Espera-se que os termômetros marquem máximas em torno de 38ºC na cidade no próximo sábado (3) e não há sequer estimativa de quando o calor dará uma trégua à capital mineira. Aliás, constatou-se que a segunda-feira (28) foi o dia mais quente da história do mês de setembro, e à tarde os termômetros registraram 37,3ºC em alguns pontos de BH – o recorde de dia mais quente da história pertence a outubro de 2015, data em que a temperatura chegou a 37,7ºC.  

 O calor e o tempo seco são, de acordo com o meteorologista Cléber Souza, uma combinação entre a massa de ar continental que atua sobre a região Central do Brasil e a entrada da primavera. “Nós sabemos que a transição de uma estação para a outra, principalmente o início da primavera, traz recordes de calor. Isto porque saímos do inverno que é um período muito seco e sem cobertura de nuvens e entramos na Primavera, período em que o sol é mais intenso. É por isso que as temperaturas sobem tanto”, detalha.

Um exemplo é que logo na manhã desta terça-feira os termômetros já marcavam temperaturas próximas de 24ºC como na estação meteorológica da Pampulha. “Não há alívio em Belo Horizonte. A umidade do ar está muito baixo e respiramos um ar péssimo, fruto da poluição provocada pelos carros e de queimadas que ocorrem próximas da capital. Estes dois acontecimentos provocam a formação da névoa seca, aspecto de fumaça, que nós podemos constatar no início da manhã e no pôr-do-sol. O alaranjado que vemos no pôr-do-sol é a poluição perto da superfície”, esclarece o meteorologista do Inmet.

Para esta quarta-feira (30) é esperada uma ligeira queda com temperatura máxima de 35ºC. “Teremos a aproximação de uma frente fria pelo continente, a aproximação de toda frente fria favorece a elevação das temperaturas e por isso provavelmente teremos recorde de calor entre sexta-feira e sábado. Essas frentes que chegam pelo Estado não têm sido suficientes para quebrar a massa de ar continental que atua no país”, esclarece. Segundo Cléber Souza, poderá chuviscar em Belo Horizonte no domingo (4) em face da chegada da frente fria, mas o calor perdurará.

Início do período chuvoso

Belo Horizonte está desde sábado (26) vivendo uma onda de calor, fenômeno detectado quando são registradas elevadas temperaturas no decorrer de cinco dias seguidos. A onda não dá trégua, pelo menos, até o próximo domingo. Resta à população de BH e da região metropolitana esperar pelo final do mês de outubro. “Apenas no fim de outubro é que teremos frentes frias fortes o suficiente para quebrar o bloqueio da massa de ar. Essas frentes vão trazer chuvas e iniciar o período chuvoso que se estende também pelo mês de novembro. As temperaturas também prometem ficar bem mais amenas nessas circunstâncias”, pontua Cléber.

Ele esclarece que as chuvas serão intensas nesta primavera em função do fenômeno La Niña. “Ano passado nós tivemos um ano neutro, mas neste ano estamos sob a influência do La Niña que atua na primavera. Portanto, teremos uma primavera mais chuvosa, com maior cobertura de nuvens e as temperaturas não sobem tanto. Mas isso só quando se estabelecer o período chuvoso”.

Ano de extremos

Pior chuva da história e dia mais quente da história. São estes os dois fenômenos meteorológicos que vão ter caracterizado o ano quando o mês de dezembro se encerrar. Em janeiro a cidade de Belo Horizonte viveu a pior chuva dos últimos 110 anos, fenômeno que provocou inúmeros desastres e mortes não apenas na capital mineira, mas também no Estado de Minas Gerais. Agora, o mês de setembro já é considerado o mais quente desde o início da medição histórica pelo Inmet e, provavelmente, no sábado haverá constatação do dia mais quente da história.

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