Cinco anos se passaram desde que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) anunciou a possibilidade da criar um BRT na avenida Amazonas, na região Oeste. Finalmente há uma sinalização de que o projeto possa sair do papel, mas com ressalvas: o início das obras está previsto apenas para 2021, e as intervenções incluem apenas criar faixas exclusivas de ônibus. A Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) informou que falta recurso para o projeto do Move. 

O presidente da empresa, Célio Bouzada, anunciou a O TEMPO exclusivamente, nesta semana, que a PBH negocia com o Banco Mundial um empréstimo de US$ 100 milhões para a criação de um corredor de transporte coletivo e ciclovias na avenida Amazonas, na Tereza Cristina e no Barreiro. Cerca de US$ 40 milhões seriam para obras de mobilidade, e o restante, para intervenções de urbanização na vila Cabana do Pai Tomás e reestruturação no bairro Jatobá.

Segundo Bouzada, toda a avenida Amazonas (9 km) vai receber duas faixas exclusivas por sentido. Vão passar a ter os corredores os 16 km da Tereza Cristina e outros 16 km no Barreiro. (Leia mais na arte)

“Uma coisa não exclui a outra. Queremos fazer o Move, o problema é o recurso. O município não tem dinheiro suficiente para isso. Em Brasília, não tem perspectiva para isso. Além disso, financiamentos como este não conseguem contemplar financeiramente todo o projeto do Move, tem a questão das desapropriações. Mas o mais caro, que são as pistas, nós vamos fazer agora. As faixas exclusivas vão ajudar futuramente”, explicou Bouzada. A expectativa, segundo ele, é que as novas faixas aumentem a velocidade dos ônibus nas avenidas. Na Amazonas, a expectativa é de que a velocidade média chegue a 20 km/h – atualmente é de 13 km/h. 

“O volume de ônibus que circulam na avenida Amazonas é o maior de BH. Se o empréstimo for aprovado (o que está previsto para a próxima semana), teremos cinco anos para a implementação”, pontuou. 

Segundo a BHTrans, a prioridade é o transporte coletivo, e a permissão ou não para a circulação de táxis nas faixas exclusivas vai ser vista em outro momento. 

Resposta

O Ministério do Desenvolvimento Regional informou que o contrato de financiamento para o Move na Amazonas foi avaliado como “insubsistente” em 2016, quando os recursos alocados foram destinados a outras obras.

Metrô seria solução mais viável, diz especialista

Para o consultor de transporte e trânsito Silvestre de Andrade Puty Filho, a medida está longe de solucionar definitivamente o estrangulamento do trânsito na avenida Amazonas – é necessário investir em outros meios de transporte, como metrô e monotrilho. 

“Os ônibus não solucionam o problema de tráfego intenso. Precisamos pensar em alternativas mais eficientes, como o metrô”, disse.

Ele lembrou que, há pelo menos 30 anos, a Amazonas tem trechos com faixas preferenciais para ônibus.