Crise econômica, desemprego nas alturas e custo de vida cada vez mais caro. Situações que têm afetado cada vez mais brasileiros, o desespero das famílias tem chamado a atenção de estelionatários em Belo Horizonte. E a Polícia Civil conseguiu fechar uma agência que oferecia falsos empregos para jovens adultos na rua Rio de Janeiro, região Central. Conforme a corporação, 21 pessoas foram detidas, entre funcionários e líderes da organização criminosa.
A delegada Ana Paula Gontijo explicou que as vítimas tinham entre 18 e 25 anos e eram atraídas pelos estelionatários através das redes sociais. Após serem contactados com ofertas de emprego, os funcionários agendavam uma entrevista presencial no escritório. "A falsa agência dizia que havia necessidade de realizar um curso de capacitação, que era oferecido no local", explicou. Porém, os criminosos cobravam valores entre R$ 150 e R$ 1.500.
"As cobranças variavam conforme o que os funcionários averiguavam da capacidade financeira da vítima", acrescentou. As vítimas realizavam o curso, mas a contratação por empresas não se consumava – eram oferecidas falsas vagas como nas áreas de telemarketing e vendas. "Era garantido esse emprego que nunca existiu após a realização do curso. Algumas empresas realmente ofereciam a vaga, mas não possuíam nenhum vínculo com a agência", enfatizou.
De acordo com a delegada, muitas vítimas procuravam a primeira oportunidade de trabalhar e a Polícia Civil encontrou documentos no escritório que podem apontar outras pessoas lesadas pela organização criminosa – há suspeita que centenas de pessoas tenham sofrido o golpe da empresa. "A entrevista era muito superficial, pouco se falava sobre a empresa a qual a vaga se destinava. As conversas eram mais sobre questões familiares, superficiais e rápidas. Para vítima confiar mais, pediam para fazer uma redação e logo em seguida já diziam que a pessoa estava apta, garantindo a vaga", afirmou.
Para garantir que os pagamentos fossem realizados, geralmente a agência pediam que as vítimas, mesmo maiores de idade, estivessem acompanhadas dos responsáveis. "Eram pessoas que acompanhavam um filho, neto ou sobrinho. Na maioria das vezes, os pagamentos eram realizados pelo familiar", pontuou a delegada. Entre os detidos, estão 19 mulheres e dois homens – o grupo foi preso em flagrante na última quarta-feira (8) e deve responder por estelionato e organização criminosa.
Empresa já funcionou em outro endereço
A delegada Ana Paula Gontijo enfatizou ainda que a falsa agência funcionava há alguns meses no Centro e uma das criminosas já teve um escritório fechado em outro endereço. "Já estão praticando esse golpe há quase um ano", disse. Isso acontecia para evitar que as vítimas localizassem a empresa após perceberam que o emprego não existia.
O esquema foi descoberto após a denúncia de uma mulher, que foi procurada pela agência. Após ser considerada apta na entrevista, ela pagou R$ 450 para realizar um curso de capacitação e tinha a vaga garantida. Como não foi contratada, ela voltou a procurar a empresa, que se recusou a devolver o dinheiro. A Polícia Civil foi até o local e, durante a operação, outras seis vítimas estavam na empresa. Elas foram informadas que se tratava de um golpe e também formalizaram a denúncia.
O inquérito policial deve ser finalizado em 10 dias e encaminhado para o Ministério Público. A ação também contou com o apoio da Guarda Municipal. Outras vítimas que tenham sofrido o golpe da falsa agência podem procurar 4ª Delegacia de Polícia Civil, na rua Ouro Preto, 1050, bairro Santo Agostinho. Além do boletim de ocorrência, é necessário formalizar a denúncia na corporação para que a investigação seja realizada.
Polícia Civil faz alerta sobre golpes
A descoberta do esquema criminoso na região Central de BH fez a Polícia Civil alertar a população para golpes que oferecem falsas vagas de emprego. Para a delegada Ana Paula Gontijo, os estelionatários se aproveitam da vulnerabilidade das vítimas e da falta de informação. Por isso, ela diz que é sempre importante pesquisar sobre qualquer oportunidade oferecida e também a agência.
"Quando há uma oferta de emprego, existe uma seleção, outras pessoas são entrevistadas. E também não é cobrado nenhum valor por um curso antes de iniciar o trabalho. Por isso, é interessante fazer uma pesquisa, buscar informações para saber se há algum vínculo com a agência da vaga", lembrou.
Além disso, a delegada pontuou que o país vive um momento com índice crescente de desemprego. "Qualquer anúncio que ofereça muitas vagas, supervalorize o salário, deve ser visto com desconfiança. Nem todos serão fraudes, mas é preciso atenção das pessoas", finalizou.
Dicas para não cair no golpe do falso emprego
Em alta
- Crescimento do desemprego tem chamado a atenção de estelionatário
- Primeiro trimestre do ano terminou com índice de 13,8% em Minas
- 1,48 milhão de pessoas está sem trabalho
Atenção às vagas oferecidas
- Sempre desconfie de anúncios que ofereçam muitas oportunidade de emprego e supervalorizem os salários
- Busque informações sobre a empresa na internet e confira se a vaga é verdadeira
- Em caso de vagas ofertadas por agências de emprego, busque se informar se a empresa realmente possui vínculo com o local
Seleção
- Antes de ser realizada uma contratação, as empresas fazem todo um processo de seleção dos candidatos durante entrevistas e testes. Por isso:
- Fique atento a agências que garantam o emprego logo após a entrevista
- Pagamento de cursos profissionalizantes antes da contratação deve ser visto também com desconfiança