Coronavírus

'Faltam respeito e empatia', diz Guarda Municipal sobre aglomeração no Belvedere

Sob ameaça de lockdown em BH e em Minas Gerais, parte da população segue ignorando recomendações das autoridades sanitárias

Por Alex Bessas
Publicado em 20 de junho de 2020 | 16:48
 
 
 
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Em campanhas educativas com objetivo de alertar a população sobre a necessidade de adoção de uma postura mais ativa no combate à pandemia da Covid-19, a Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte realizou diversas operações em diferentes pontos da capital mineira neste sábado (20). As ações, que incluíram a distribuição de máscaras e orientações sobre a importância de respeito às normas sanitárias de isolamento e de distanciamento social, acontecem em um momento em que a ameaça de lockdown, protocolo mais duro em que a circulação na cidade fica extremamente limitada, começa a assombrar BH e toda Minas Gerais.

Ocorre que mesmo em um cenário de acentuação da crise de saúde pública, continuam recorrentes, em diversos pontos da cidade, os flagrantes de aglomerações e de desrespeito aos decretos municipais - que orientam, por exemplo, pelo uso de equipamentos de proteção facial e pela manutenção de distanciamento entre as pessoas. O comportamento displicente indica como parte da população parece ignorar o vertiginoso aumento na velocidade de proliferação da doença, o crescente número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus no município e a demanda cada vez maior por leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Supervisor da Guarda Municipal de Belo Horizonte, Fernando Silveira, coordenou a série de ações empreendidas pela instituição. "Como em dias anteriores, subsidiados por meio de análise de histórico, de denúncias e até mesmo pelo conhecimento dos próprios guardas, buscamos nos fazer presentes em áreas com maior número de comércio e áreas que sabemos em que há concentração de pessoas", explica.

Supervisor teme que medidas mais duras se façam necessárias

Na intenção de garantir o cumprimento dos decretos municipais e das normas de segurança preconizadas por autoridades sanitárias, os agentes foram às ruas. "O objetivo é, por meio de campanhas educativas, reduzir essas aglomerações diante de um quadro cada vez mais preocupante", garante. Silveira teme que, diante do aumento da velocidade de proliferação da doença, medidas mais duras se façam necessárias.

Para se ter uma ideia, conforme dados conferidos por meio dos informes epidemiológicos disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES), desde que foi iniciado o processo de reabertura comercial em Belo Horizonte, em 25 de maio, o número de diagnósticos mais que dobrou, indo de 1.434 para 3.789. Além disso, das 90 vítimas da doença em BH, mais da metade (48) morreram depois da flexibilização.

Por conta disso, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou na sexta-feira (19) que o plano de retomada econômica não avançaria, sendo mantido na fase 2 - etapa em que pouco mais de 90% dos empregados já retornaram a seus postos de trabalho. "Se a máscara continuar no queixo, se os churrascos continuarem acontecendo, não teremos problemas em fechar a cidade", asseverou Kalil durante coletiva de imprensa.

Recomendações são sumariamente ignoradas

Uma das áreas vistoriadas foi a praça Arquiteto Ney Werneck, no bairro Belvedere, região Centro-Sul de BH. Os agentes chegaram a cercar o local com viaturas a fim de dificultar o acesso. 

A Guarda Municipal também esteve nos arredores da Lagoa Seca, também no Belvedere. "A gente sabe que as pessoas não têm respeitado nenhuma recomendação por lá", comenta. Chegando lá, a corporação verificou que, mais uma vez, havia um grande número de pessoas circulando em toda região, muitas sem uso de máscaras. "Passamos com carro orientando as pessoas e fizemos a distribuição do equipamento de proteção facial por mais de uma hora", detalha Silveira.

Apesar da recepção amistosa com que foram recebidos, o supervisor lamenta que as orientações fossem continuamente desconsideradas. "As pessoas agradeciam a presença da Guarda, aplaudiam e a maioria até colocava a máscara, mas permaneciam no local", observa. "Também chama a atenção que fizemos o cercamento das áreas e muitas pessoas retiraram essas grades e invadiram os espaços restritos. Outros que caminhavam do lado externo também ignoravam, era como se não entendessem o recado", comenta, situando que, com a presença dos agentes, poucas pessoas permaneceram em local de acesso vedado. 

"Nós entendemos e sofremos junto com a população, estamos todos passando por um momento delicado e enfrentando as dificuldades impostas pela restrição de circulação", ressalta Silveira, que faz um desabafo: "É lamentável que, neste momento tão delicado, não tenha havido responsabilidade, empatia e respeito em relação a outras pessoas que estão cumprindo com as recomendações e ao trabalho daqueles que estão na linha de frente no enfrentamento ao coronavírus".

Outras operações

A Guarda Municipal realizou, neste sábado, operações na área do hipercentro comercial da cidade, no centro comercial do Barreiro, de Venda Nova, da avenida Abílio Machado e da avenida Úrsula Paulino Oeste. Os agentes visitaram as estações de transferência do MOVE (Barreiro, Diamante, Venda Nova, São Gabriel, Vilarinho, Pampulha e José Cândido da Silveira).

Além da região da Lagoa Seca, também foram vistoriadas as praças JK, Liberdade, Papa e Assembleia, todas interditadas para a prática desportiva. As pistas de caminhadas nas avenidas Bandeirantes e Dos Andradas e na Via 240 receberam atenção da instituição. Por fim, os agentes apoiaram a Secretaria Municipal de Saúde nos 18 pontos de blitz sanitárias que cercam a capital mineira.

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