Familiares de pelo menos três vítimas de intoxicação por dietilenoglicol após ingestão de cerveja da Backer prestam depoimento na manhã desta terça-feira (21), na Delegacia de Polícia Civil do Estoril, na região Oeste da capital. Famílias questionam falta de contato da cervejaria mesmo com repercussão do caso. A Backer, por sua vez, afirmou na última semana que está prestando assistência às vítimas e seus parentes. 

Mesmo já tendo prestado depoimento nessa segunda-feira (20) Christiani Assis, 40, enteada de Maria Augusta de Campos Cordeiro, 60, que morreu em Pompéu, na região Centro-Oeste do Estado, lamenta falta de contato da empresa. “Não confirmo. Eles estão falando de um canal, mas nós, que perdemos uma ente querida, ainda temos que ligar para a Backer? Eu acho uma falta de respeito, um descaso. Ninguém da Backer entrou em contato com a gente. Não temos nenhum tipo de suporte deles em nada. Não procede o que a Backer tem falado”, afirmou.

Maria Augusta faleceu no dia 28 de dezembro, após 38 horas da manifestação dos sintomas. “Ela nunca teve problema renal, mas o atestado de óbito dela é de insuficiência renal aguda. Ela teve náusea, vômito, dores abdominais, paralisia facial, confusão mental, não urinava. Infelizmente ela não teve o tempo que outras famílias estão tendo. É muito difícil, infelizmente, não ser a intoxicação”, disse. 

Maria, segundo a enteada, foi para a casa da filha, no bairro Buritis, na região Oeste da capital, na semana do dia 20 de dezembro, quando passou a ingerir a bebida. Segundo a enteada, a família estava trazendo a mulher para perto, já que ela havia ficado viúva há nove meses. “Ela veio passar a semana com a gente. Eu tenho 40 anos e ela me criou desde os 2. Eu não a considero minha segunda mãe, ela é a minha mãe”, afirmou

A mulher e o irmão de Luciano Guilherme de Barros, 56, que está internado em estado grave após ingestão de cerveja da Backer também compareceu à delegacia para prestar depoimento. “Não fizeram contato até então. Nenhum contato. Nenhuma assistência”, afirmou o Célio Guilherme Barros, irmão da vítima. 

Luciano está internado desde o dia 6 de dezembro. Ele ingeriu a bebida no fim de novembro e começou a apresentar os sintomas no dia 30 de novembro. Ele chegou a beber mais de 20 cervejas do rótulo Belorizontina. Segundo a família, embora esteja no CTI, Barros já está sem sedação e voltando a se movimentar. “Ele está recuperando bastante a consciência. Os movimentos das mãos e dos pés estão mais fortes. Os rins ainda continuam. Está muito fraco ainda”, afirmou. 

Três familiares de Paschoal Dermatini Filho, 55, que morreu em Juiz de Fora, na Zona da Mata, no último dia 7, e do genro dele, Luiz Felipe Teles Ribeiro, 37, que está internado, também compareceram à delegacia na manhã desta terça-feira para prestarem depoimento. 

A Backer reafirmou nesta terça-feira o que havia falado em nota sobre o auxílio. “Quanto ao apoio aos pacientes e familiares, a cervejaria declarou que estruturou uma equipe especializada que já está atuando, de forma proativa, no acolhimento dessas pessoas. O atendimento psicossocial dos casos já notificados está sendo realizado em uma ação conjunta”, afirmou a nota.