A manhã do segundo dia de cadastramento de beneficiários das vítimas do rompimento da Barragem I da mina Córrego do Feijão que deverão receber R$100 mil reais doados pela Vale, foi marcada por clima de rejeição a equipes de imprensa que trabalhavam no local.
O espaço em que os familiares seriam recebidos, no subsolo do prédio, era de difícil acesso a pessoas com mobilidade reduzida, com descida relativamente íngreme, em um caminho de piso composto por pedra e grama. A estrutura montada para receber os herdeiros das vítimas da tragédia contava com cerca de 15 cadeiras e três mesas em que voluntários receberiam a documentação.
Ao constatarem a presença da imprensa, funcionários ordenaram que o aparato montado para receber as familias fosse recolhido. Foi mantida apenas a mesa de café da manhã.
Os familiares chegaram "escoltados" por parte de funcionários da Vale e levados em seguida a uma sala reservada, sem que pudessem falar com os jornalistas que acompanham o caso na cidade.
O irmão de um motorista terceirizado da Vale, que pediu para não ter a identidade revelada, comentou que, dentro da sala, familiares teriam recebido a orientação de não conversarem com veículos diversos veículos de comunicação presentes no local. A justificativa seria o risco em relação a "segurança" dessas pessoas, segundo comentou o jovem.
Questionada, a assessoria da Vale informou que não fez recomendações às famílias a respeito do contato com a imprensa, mas revelou que, individualmente, assistentes sociais orientaram familiares a não conceder entrevista por possíveis riscos ligados a alta quantia de dinheiro recebida pelos beneficiários nos próximos dias.
Seguindo orientações, a cunhada de um funcionário da Vale, morto na tragédia, afirmou, sem dizer o nome, que "nenhuma assistência decente está sendo dada", entretanto, preferiu não prolongar a conversa temendo que pudessem ocorrer atrasos no trâmite da doação.