Diante do protesto dos servidores da saúde do Estado, que ocuparam na última terça-feira (8) a unidade ortopédica do Hospital Galba Velloso, no bairro Gameleira, na região Oeste de Belo Horizonte, e reclamaram da retirada forçada de pacientes do local por causa do fechamento iminente do setor, o presidente da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), Tarcísio Dayrell Neiva, afirmou que pediu ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) mais seis meses de prazo para o fechamento total do espaço, previsto inicialmente para 30 de setembro deste ano.
Apesar do anúncio, feito nessa quinta-feira (10) durante uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o gestor considerou que o encerramento da unidade é irreversível porque faltam recursos do Estado para proceder às melhorias exigidas em ação civil pública movida pelo MPMG, a partir de vistoria da Vigilância Sanitária, que identificou irregularidades em relação ao atendimento dos pacientes da ala ortopédica. “Estamos sem dinheiro até para a subsistência da Fhemig”, alegou Neiva.
O presidente da fundação, à qual o Galba Velloso está vinculado, disse que o prazo maior deve ser usado para o melhor planejamento da interrupção dos serviços e a transferência em definitivo para outras unidades, como o Hospital de Pronto Socorro (HPS) João XXIII, no centro da capital, e o Hospital Maria Amélia Lins, no bairro Santa Efigênia, para onde deverão ser remanejados também os servidores.
A ala ortopédico do Galba Velloso funciona há 17 anos como um braço do HPS. Com o fechamento do setor, o atendimento ficaria sobrecarregado nas demais unidades de saúde da capital.
O término do funcionamento da unidade é resultado de um acordo do MPMG com a Fhemig, que foi definido em 2013. A princípio, o Ministério Público solicitou que a fundação sanasse as irregularidades. Entretanto, como a instituição não encontrou meios de realizar as reparações, as entidades resolveram pelo fim das atividades no local.
A reportagem de O TEMPO entrou em contato com o MPMG na noite desta sexta-feira (11), mas a assessoria de imprensa não informou se o Ministério Público já recebeu o pedido da Fhemig, nem quando ele será apreciado.
Faltam recursos
Tarcísio Dayrell Neiva ainda ressaltou que a Fhemig, por não ter dotação orçamentária própria, depende de repasses da Secretaria de Estado de Fazenda (SEF-MG). Ele relatou que, para uma despesa mensal de R$ 28 milhões, o repasse tem sido de apenas R$ 18 milhões; e as dívidas acumuladas com fornecedores estariam em R$ 184 mihões.
O presidente da fundação também informou que as melhorias necessárias para a unidade ortopédica do Galba Velloso teriam um custo total de R$ 6 milhões.
Protesto
O protesto dos servidores na última terça teve início depois que sete dos nove pacientes que ainda estavam internados no local pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foram removidos pela Fhemig.
Segundo a diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde-MG), Neuza Freitas, alguns desses pacientes tinham cirurgias agendadas e não estavam em condições de receber alta.
Na unidade, conforme o Sind-Saúde-MG, eram realizadas 280 cirurgias e 1.000 atendimentos ambulatoriais por mês. O local tinha 80 leitos para internação.
*Com informações da assessoria de imprensa da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG)