A ampliação do horário de funcionamento dos bares e restaurantes para até às 19h, anunciada nesta quinta-feira (4) pela prefeitura, não agradou a categoria na capital mineira. Conforme o presidente do Sindicato de Bares, Restaurantes e Similares de Belo Horizonte, Paulo César Pedrosa, a reivindicação dos empresários era que os estabelecimentos pudessem permanecer abertos até às 21h, inclusive aos domingos – na data, segue permitido o funcionamento apenas para delivery.
"Ficamos frustrados, fizemos o pedido na semana passada e também a abertura no domingo, principalmente nesse Dia das Mães, que é a melhor data para o setor. Foi realmente um pouco decepcionante, mas agora temos que cumprir o protocolo, a lei, e não cometer nenhuma desobediência. A fiscalização é extremamente rigorosa, tivemos centenas de bares e restaurantes que foram multados e interditados", declarou.
O dirigente disse que conversou com o prefeito Alexandre Kalil (PSD) e a justificativa do poder público foi evitar aglomerações. "A notícia boa foi a abertura dos clubes, que podem funcionar sem restrição, fazem parte também da nossa categoria. E agora vamos esperar para a semana que vem o que os infectologistas vão dizer, pois os índices estão diminuindo", declarou.
Pedrosa pontuou que o setor sempre cumpriu os protocolos determinados pela prefeitura, como distanciamento entre as mesas e disponibilização do álcool em gel. "Os bares e restaurantes que ficaram abertos cumpriram as regras, agora vamos reforçar isso para não corrermos o risco de na semana que vem não ampliar o horário de funcionamento e abrir no domingo", disse.
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Minas Gerais, Matheus Daniel, foi ainda mais crítico à nova etapa de flexibilização. Para o dirigente, a ampliação do horário "não adianta nada", já que os clientes não costumam frequentar os bares nesse período. "É preferível a pessoa ficar em casa sem regra ou ir para um bar e restaurante que cumpre os protocolos, quatro pessoas por mesa, dois metros de distanciamento? É uma coisa lógica, ampliar o horário é fundamental para poder dividir o fluxo das pessoas", questionou.
Conforme Daniel, os estabelecimentos não são responsáveis por aumentar a contaminação pela Covid-19 na cidade e ainda ameaçou acionar a Justiça. "Vamos continuar seguindo as regras, embora não concordemos com elas. Vamos discutir com eles, com a Justiça, com quem tiver que ser", enfatizou.
CDL pede abertura de lojas aos domingos
Após o anúncio da nova etapa de flexibilização das atividades não essenciais, a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Belo Horizonte encaminhou um ofício à prefeitura pedindo o funcionamento facultativo do comércio no próximo domingo (9), data em que é comemorado o Dia das Mães. Para o presidente da entidade, Marcelo Souza e Silva, há grande possibilidade de aglomerações nos centros comerciais caso as lojas abram apenas no sábado (8).
“Além dos indicadores estarem em queda permanente, temos outro ponto importante: a maioria dos trabalhadores irá receber o salário deste mês nesta sexta-feira. E, de acordo com a pesquisa de intenção de compras que realizamos, 73,4% dos consumidores vão optar pelo pagamento à vista na hora de comprar os presentes para as Mães”, afirmou.
Já a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG) avaliou a ampliação da reabertura como positiva. "Além disso, a entidade destaca que é preciso continuar com os esforços sociais e econômicos para que milhares de negócios na capital mineira possam se restabelecer no menor tempo possível e, assim, contribuir com a retomada econômica local", informou.
Sem definição sobre a venda de bebida alcóolica e comidas na Feira Hippie
Expositor da Feira Hippie, na avenida Afonso Pena, região Centro-Sul de Belo Horizonte, há 44 anos, Willian Santos, 60, também comemorou a reabertura após quase dois meses sem poder funcionar. "É importante esse processo e vamos seguir os protocolos já estabelecidos antes. Mudamos o layout da feira para atender as pessoas com maior distanciamento, agora é trabalhar e tentar recuperar os prejuízos. Desde o começo da pandemia, ficamos 10 meses parado", declarou.
Porém, os feirantes ainda aguardam um retorno da prefeitura sobre a questão das barracas com as tradicionais comidas, além da venda de bebida alcoólica. "Ainda não tivemos um posicionamento sobre isso, estamos aguardando o comitê", finalizou.