A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), uma das entidades favoráveis ao projeto de mineração da Taquaril Mineração (Tamisa) na Serra do Curral recém aprovado pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) fez uma coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (03) para manifestar repúdio ao que eles chamam de “difamações e exposição de dados nas redes sociais que estão sendo cometidos contra membros do Conselho que votaram a favor do empreendimento cumprindo seu papel em um processo democrático discutido durante meses”.
A Fiemg compõe o Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM), que aprovou, na madrugada do último sábado, o licenciamento para que a mineradora possa se instalar no local. O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, disse que existem pessoas e entidades interessadas em criar tumulto e lembrou que a cidade de Pedro Leopoldo, na Grande BH, passou por situação similar com o episódio da instalação da cervejaria Heineken e que o município perdeu a geração de empregos e cerca de R$ 2 milhões em impostos por ano.
O dirigente da Fiemg disse que a votação não ocorreu na “calada da noite”, uma vez que a reunião teve início às 9h da manhã, e lembrou que mais de cem pessoas se inscreveram para poder falar no tempo regimental. Em seguida, acusou os ativistas e membros da sociedade civil organizada de tentar protelar a votação com grande número de inscritos. “A população está desinformada. O nosso cartão-postal está preservado", afirmou Roscoe. Segundo a entidade, o Pico Belo Horizonte não será afetado.
Flavio Roscoe disse que a série informações falsas como: "o pôr do sol vai ser tapado com poeira"; "vai faltar água em Belo Horizonte"; deixam a população em pânico. “E digo mais, elas fazem com que agentes públicos, para responder a sociedade, tenham que dar ação e entrar com ação". Ele afirmou que deputados e prefeitos, pressionados pela sociedade, estariam agindo para atender seus eleitores. "Na prática, nós temos que lembrar que estamos em um ano de eleição e as pessoas tem necessidade de chamar atenção”.
No documento entregue na reunião com os jornalistas, a entidade representante de industriais do Estado garante que os impactos previstos com a implantação do empreendimento serão menores do que o citado nos debates públicos e esperado por ambientalistas e população.
A questão hídrica, por exemplo, que é um ponto bastante sensível, uma vez que existe a previsão de se implementar bacias de sedimentos em um local próximo a uma adutora da Copasa, que abastece 40% da população da região metropolitana de Belo Horizonte. Mesmo assim, a Fiemg afirma: “Interferência será mínima, sem rebaixamento do lençol freático e sem afetar a vazão das três nascentes localizadas no local do empreendimento. Não haverá impactos no sistema de captação de água do Rio das Velhas, que abastece Belo Horizonte, uma vez que o empreendimento se encontra a jusante do rio”.
"O que foi comprovado nos estudos , diferentemente do que está sendo dito e isso é estudo técnico , não sou eu quem está falando , é que não vai haver rebaixamento do lençol freático. Ou seja, o projeto não prevê nenhum impacto no lençol freático da região. Portando, não há grande impacto em recursos hídricos. Obviamente qualquer interferência você muda, quando você coloca um telhado, aquele solo que absorveria água, deixa de absorver”, pontou Flávio Roscoe.
A entidade levanta ainda alguns pontos, como o fato de o projeto não ter barragem de rejeitos e o tratamento do minério ser realizado a seco, o que reduziria o risco de poluição, segundo a entidade. Há ainda a promessa de realização de programas de manejo de espécies ameaçadas de extinção.
Veja na íntegra os pontos levantados pela Fiemg na coletiva desta terça-feira (3):
Serra do Curral
Não afetará o Pico de Belo Horizonte nem o perfil da Serra do Curral. Ambas são estruturas protegidas e tombadas. Inclusive o empreendimento teve anuência favorável pelo IPHAN, órgão responsável pelo tombamento federal da Serra do Curral.
Recursos Hídricos
Interferência será mínima, sem rebaixamento do lençol freático e sem afetar a vazão das três nascentes localizadas no local do empreendimento. Não haverá impactos no sistema de captação de água do Rio das Velhas, que abastece Belo Horizonte, uma vez que o empreendimento se encontra a jusante do rio.
Barragem de Rejeitos
O projeto não terá barragem de rejeito e o tratamento do minério será “a seco”, diminuindo, além disso, o risco de emissão de particulados (poluição).
Fauna e Flora
Serão executados programas de manejo de espécies ameaçadas de extinção, que visam a preservação da fauna e flora local.
Poeira, Ruído e Vibração
Ficarão restritos à área do projeto que contará com medidas mitigatórias, tais como cinturão verde, aspersão, controle de carga explosiva.
(atualizada às 12h59)