O homem de 58 anos afastado dos serviços de Papai Noel em um shopping de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, negou que tenha ficado excitado depois que uma criança de 10 anos sentou no colo dele para tirar fotos. Em conversa com a reportagem de O TEMPO, nesta quinta-feira (12), ele, que pediu para não ter o nome divulgado, afirmou que há 30 anos trabalha com crianças, sendo cinco vestindo-se como o personagem. O trabalho começou por incentivo da família, que tem outros dois Papais Noéis.
Como o senhor ficou sabendo da repercussão do caso nas redes sociais?
Após vários compartilhamentos, a postagem chegou até um amigo da minha filha. Ele não me reconheceu, mas mandou para ela porque sabe que eu trabalho como Papai Noel. Quando ela viu, me reconheceu, fez um contato com a minha esposa e, quando fomos olhar, eram mais de mil compartilhamentos.
O que o senhor lembra daquele dia?
Ao ver a foto, lembrei da menina, mas não teve nenhum problema. A mãe poderia ter se manifestado na hora, tomado a criança, acionado os seguranças do shopping ou até mesmo procurado o posto policial. Nada disso aconteceu.
No boletim de ocorrência registrado o senhor afirma que tem um problema de epidídimo?
Sim, eu deveria ter feito uma cirurgia devido a uma glândula que rompeu. O lado direito do meu testículo é maior que o outro. A calça do Papai Noel tem um tamanho maior para ter a impressão de mais fofo.
A mãe questionou como o senhor pegou a criança
Existem posições para fazer fotos e, às vezes, a criança está meio tensa e você tem que convencê-la com jeitinho para que a foto saia nítida.
O shopping procurou o senhor após as denúncias?
Encerraram o contrato sem me ouvir, sem eu poder me defender. Fui contratado como terceirizado começando no dia 15 de novembro para terminar no dia 24 de dezembro. Trabalhava das 14h às 20h.
Como está a sua vida após os compartilhamentos?
É muito triste, eu fiquei sem chão, sou pai de família, não fiz nada. Meus irmãos moram em outra cidade e queriam encontrar comigo. Isso prejudica também os outros Papais Noéis. Denunciar as pessoas assim é muito sério. Vou alertar às mães que não compartilhem, não façam comentários sem ter certeza dos fatos. Existem famílias que podem ser destruídas com um estalar de dedos.
Assista a um trecho da conversa:
"Não pode fazer comentários e postagens sem ter certeza. Foi triste. Sou um pai de família" Conversamos com o Papai Noel acusado de assédio em shopping de Contagem (MG). Veja o que ele diz.#otempo pic.twitter.com/nqbefpeSG4
— O Tempo (@otempo) December 12, 2019
Processos
Abalado com toda a repercussão do caso, o homem, que trabalha como representante, ainda não sabe se vai voltar a trabalhar neste ano como Papai Noel. O advogado dele, Natanael Araújo, afirmou que vai procurar a Justiça.
"Registramos o boletim de ocorrência e vamos trabalhar civilmente e criminalmente. Inicialmente é um crime de injúria e difamação (em relação à mãe que fez a publicação)", explicou.
Questionado se pretende processar a empresa terceirizada e a administração do shopping, o advogada se limitou a dizer que nenhuma possibilidade será descartada.