O cheiro de fumaça tirou o sono de muitos moradores de Belo Horizonte e dos municípios da região metropolitana na noite dessa quarta-feira (18). Além das dificuldades para respirar provocadas pelo fenômeno, uma névoa também encobriu o céu e ainda pôde ser vista na manhã desta quinta-feira (19).

Sensação de ressecamento nos olhos, garganta seca, tosse, coceira e até sangramentos no nariz foram alguns dos sintomas sentidos por tuiteiros que contaram na rede social seu estado de saúde. Mas, afinal, você sabe o que causou a fumaça em BH? 

A resposta é simples: sérios focos de incêndio no entorno do condomínio Morro do Chapéu, em Nova Lima, em uma mata em Sabará e na Serra da Moeda são os responsáveis por contaminar as cidades com o cheiro. Porém, não são os únicos. 

"Essa névoa seca, especialmente no período noturno, é influenciada pelo grande número de incêndios e também pela ausência dos ventos", pontua Dayan Carvalho, da diretoria de meteorologia da Defesa Civil de Belo Horizonte. A massa de ar quente e seca em atuação é, ainda, outro fator que dificulta a respiração na região desde, pelo menos, a semana passada. 

Diante do fenômeno, as temperaturas continuam subindo. São esperados 37° ainda entre sexta-feira (20) e sábado (21), um recorde histórico de mais alta para um inverno desde 1910, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Não apenas, os índices de umidade relativa do ar são preocupantes e acendem o alerta da Defesa Civil de Belo Horizonte. A cidade registrou o dia mais seco do ano nessa quarta-feira (18), com apenas 12% de umidade relativa - um índice desértico. 

Será que vai melhorar?

Não há chuvas significativas em Belo Horizonte e nem nas cidades do entorno desde 4 de junho. Ou seja, não chove há mais de três meses na região. Assim, sem precipitações e com a atuação da massa de ar seco, a umidade acaba despencando e causando tantos problemas respiratórios. 

No entanto, o cenário caótico pode mudar ainda neste fim de semana, é o que explica Dayan Carvalho. "Os alertas de baixa umidade vigoram até sexta-feira (20). Mas a expectativa é que o padrão atmosférico se altere já no domingo (22), quando há o indicativo de chuvas fracas e isoladas. A primavera se inicia no dia 23 e é esperado que já tenhamos chuvas no início da estação". 

A mudança é reflexo de uma frente fria e úmida que avança sobre o Estado. Aliás, existe a possibilidade de chover granizo devido ao choque térmico dessa massa com a onda de calor. No interior do Estado, são esperadas precipitações já a partir do próximo sábado, no Sul de Minas e no Campo das Vertentes.

(Com Clarisse Souza e Natália Oliveira)