Tragédia

Funcionário da Vale estudou possibilidade de liquefação da barragem I

O fenômeno é apontado como causa provável para o rompimento da barragem em Brumadinho, que provocou pelo menos 142 mortes

Por Rafaela Mansur
Publicado em 06 de fevereiro de 2019 | 11:48
 
 
 
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Um estudo feito por um funcionário da Vale em 2010 apontava a possibilidade de liquefação na barragem I, da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. O fenômeno é apontado como causa provável do rompimento da estrutura, no dia 25 de janeiro, que provocou pelo menos 150 mortes.

Em sua dissertação de mestrado em engenharia geotécnica na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Washington Pirete da Silva, funcionário da Vale há 22 anos, concluiu que a barragem apresentava, à época, boas condições de segurança, mas afirmou que os rejeitos dispostos na estrutura constituem materiais que tendem a exibir "suscetibilidade potencial a mecanismos de liquefação". O fenômeno consiste na perda de resistência do material, que se torna menos sólido e mais líquido.

Silva afirma, no texto, que a falta de conhecimento do risco e o descontrole operacional da disposição hidráulica de rejeitos em barragens alteadas para montante "têm induzido colapsos estruturais com resultados potencialmente desastrosos". A barragem em Brumadinho foi implantada em 1976 com 18 metros de altura e, até 2007, havia sido alteada nove vezes. Quando a estrutura rompeu, tinha aproximadamente 87 metros de altura.

No alteamento a montante, a barragem cresce por meio de degraus construídos com o material do próprio rejeito sobre o dique inicial. O método é o mesmo utilizado na barragem de Fundão, que rompeu em Mariana, na região Central do Estado, em 2015. 

A barragem I, em Brumadinho, não recebia rejeitos desde 2015. Em dezembro passado, a Vale tinha conseguido licenciamento ambiental para o reaproveitamento do material e para o descomissionamento da estrutura (encerramento de atividades). A barragem armazenava em torno de 12 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério de ferro.

Em nota, a Vale informou que a dissertação concluiu que a estrutura atendia aos níveis de segurança propostos pela metodologia aplicada.

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