Estelionato

Golpe do amor: MP investiga casos em MG; vítimas perderam até R$ 30 mil

Criminosos criam perfis falsos nas redes sociais para iludir e extorquir mulheres que acreditam estar em um relacionamento amoroso

Por Cynthia Castro e Clarisse Souza
Publicado em 25 de março de 2024 | 12:40
 
 
 
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Uma modalidade criminosa conhecida como “golpe do amor” está na mira do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), órgão que investiga ao menos dez casos em todo o Estado. A prática tem como alvo principalmente mulheres em busca de um relacionamento e usa perfis falsos na internet para extorquir as vítimas, que, em alguns casos, chegaram a perder até R$ 30 mil para os estelionatários. Coordenador das investigações, o Grupo de Atuação Especial de Combate a Crimes Cibernéticos (Gaeciber) aproveita o mês da Mulher, celebrado em março, para intensificar os alertas sobre esse tipo de golpe e dar dicas para que possíveis alvos não caiam em cilada. 

Segundo o promotor de Justiça e coordenador do Gaeciber, Mauro Ellovitch, os estelionatários que aplicam o golpe do amor usam fotos falsas para estampar perfis fake nas redes sociais e abordam mulheres que estão abertas a um relacionamento amoroso. Com uma conversa cativante, eles vão ganhando confiança da vítima até o ponto de pedir informações íntimas. “Por vezes, pedem fotos ou vídeos sem roupa, os chamados ‘nudes’. E depois que eles têm esse conteúdo sensível, eles começam a levar a conversa com as mulheres para outro mundo. Eles começam primeiro a pedir dinheiro com histórias mirabolantes: inventam uma doença ou um investimento conjunto, como a compra de uma casa ou de uma viagem para o casal”, explica o promotor.

Mesmo sem se encontrar com o suposto namorado, as vítimas são induzidas a acreditar que vivem uma relação amorosa e acabam transferindo valores para os criminosos. Por outro lado, se a mulher se nega a enviar dinheiro, o estelionatário parte para a nova fase do golpe e passa a extorqui-la. “Eles começam a ameaçar de divulgar informações íntimas, divulgar fotos de conteúdo sexual e passam a pedir dinheiro para não divulgar essas informações”, alerta Ellovitch.

O promotor ressalta que, na maioria dos casos, o prejuízo não se limita ao fator financeiro e tem impacto direto na autoestima da vítima. “A gente pode ver que elas se sentiram violadas, não tanto pelo dinheiro, mas por ter sua intimidade exposta e por ter sua intimidade utilizada contra elas. É uma exploração do sentimento da mulher, é uma exploração da intimidade”, comenta o chefe do Gaeciber, que incentiva vítimas do golpe a procurarem ajuda. 

Não caia no “golpe do amor”

Devido às características do crime, que usa informações íntimas das vítimas para extorqui-las, Mauro Ellovitch estima que haja uma enorme subnotificação de casos em Minas. Segundo o promotor, isso se dá pelo fato de que muitas mulheres têm “vergonha de se expor e contar que foram enganadas". 

O coordenador do Gaeciber ressalta que, quando se trata de ambiente virtual, todo cuidado realmente é pouco e explica como as mulheres devem agir ao buscar um relacionamento na internet. “A primeira dica que a gente dá é: não interaja com alguém que você não conhece e que não tem nenhum seguidor em comum com você. Desconfie de histórias mirabolantes, que parecem coisa de novela, um acidente bizarro, uma compra que não se concretiza porque a pessoa foi vítima de uma fatalidade”, orienta.

Outra dica importante, segundo o promotor, é evitar o compartilhamento de conteúdo íntimo. “Não é nenhum juízo moral. É um juízo realmente de cuidado criminal. Uma vez que a coisa cai na internet, ela não sai nunca mais”, alerta. 

Como denunciar

Por telefone:

Ouvidoria do Ministério Público de Minas Gerais - 127 e 3330-9504

Internet:

Portal do Ministério Público -  www.mpmg.mp.br,  na seção Atendimento ao Cidadão

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