A guerra do tráfico de drogas na Pedreira Prado Lopes, aglomerado da região Noroeste de Belo Horizonte, resultou em mais uma chacina na madrugada de ontem. Cinco pessoas foram mortas durante um ataque a uma festa que acontecida em um sítio na cidade de Ribeirão das Neves, na Grande Belo Horizonte. O motivo seria vingança contra a morte de quatro pessoas assassinadas na semana passada, dentro do aglomerado. Há suspeitas de que a festa tenha sido armada justamente para facilitar o crime.
"Pode ter sido um crime premeditado, eles atacaram em diversos locais e parece que a chegada foi planejada", disse o tenente-coronel Silas Barnabé, comandante do 40º Batalhão da Polícia Militar (BPM), em Neves. Ontem, por volta das 2h, oito pessoas invadiram o sítio atirando em todos que viram pela frente. Além de matarem cinco pessoas, os disparos feriram outras 13. No local foram recolhidos 54 cartuchos deflagrados, um carregador de pistola 9 mm, as toucas usadas pelos suspeitos e até mesmo uma munição de fuzil.
"As próprias pessoas no local disseram que foi por vingança, por causa dos homicídios de semana passada", relatou o tenente-coronel. Entre as vítimas estava Priscila Catarina Oliveira, 25, grávida de sete meses. Ela entrou na frente do marido, Túlio Roberto Teixeira Júnior, 19, para protegê-lo. O rapaz seria um dos alvos do ataque. Ele foi atendido no Hospital de Pronto-Socorro de Venda Nova e liberado em seguida. Outros dois homens que, segundo policiais militares do 40º Batalhão, também seriam alvos, morreram na hora: Leonardo José Gonçalves de Souza, 27, e Rummenning Alves Reis, 19.
Souza, que já foi preso por roubo a mão armada e cumpriu pena por tráfico de drogas, levou 11 tiros no tórax. Antes de se envolver na criminalidade, ele teria sido taxista. Morreram depois de terem sido levados para o hospital Janaína de Oliveira, 25, e Roger Silva Dias, 19. Entre as 13 pessoas atingidas, duas ainda estão internadas em estado gravíssimo. Uma menina de 13 anos levou três tiros na cabeça e foi levada para Hospital Odilon Behrens e Carla Cristina Oliveira Silva, 19, que levou um tiro no peito.
Uma moradora da Pedreira Prado Lopes (PPL), parente de uma pessoa ferida no ataque, disse ontem que a maioria dos participantes da festa mora na Vila Senhor dos Passos e que o clima no lugar estava tenso. "Mora todo mundo perto. Sei que a festa foi toda de graça e tinha muita gente inocente. É a famosa guerra do tráfico, né", disse a aposentada, que preferiu não ser identificada.
Rivalidade
Segundo informações da polícia, os ataques envolvem quatro grupos que atuam na Pedreira. Na semana passada, membros da gangue Carmo do Rio Claro, ligada ao bando da região do Buraco Quente, teriam matado membros do grupo Marcazita. Este último tem parceria com a facção Guapé. No ataque de ontem, os alvos seriam membros da gangue Buraco Quente, que estavam na festa em Neves. Os suspeitos fazem parte da Guapé.
Há suspeitas de que os mortos sejam comparsas do traficante Roni Peixoto, considerado braço-direito de Fernandinho Beira-Mar em Minas. Ele está detido na penitenciária Nelson Hungria. No final da tarde de ontem, a Polícia Militar conseguiu prender João Paulo dos Reis Avelino, 26. Ele foi capturado na Pedreira Prado Lopes e encaminhado para prestar depoimento no Departamento de Investigações (DI). De acordo com o delegado-adjunto da Delegacia de Homicídios Noroeste, Rodrigo Fraga, o acusado foi reconhecido por pessoas que estavam na festa.