Investigado pela Corregedoria da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), o policial penal que abandonou o posto de trabalho momentos antes da morte do colega Euler Oliveira Pereira Rocha em um hospital no bairro Luxemburgo, em Belo Horizonte, ainda não apareceu. Conforme a pasta de Segurança, o servidor “está sendo formalmente investigado e, até o momento, não retornou ao trabalho e não se apresentou para prestar esclarecimentos”.
De forma administrativa, o policial penal é investigado por abandonar o local de trabalho. A escolta de um detento sempre é feita por dois agentes. No sábado (2/8), por duas vezes, a equipe de fiscalização do Departamento Penitenciário (Depen-MG) esteve no Hospital Luxemburgo e confirmou a presença de dois servidores escalados para a escolta do preso Shaylon Cristian Ferreira Moreira, de 24 anos, conforme preconiza o protocolo de atuação de escoltas hospitalares. “Tais passagens ocorreram às 8h50 e às 20h30. Contudo, após essa última verificação, um dos policiais teria abandonado o posto de trabalho, sem qualquer comunicação prévia ao Departamento Penitenciário”, disse a pasta em nota.
A investigação policial, feita pela Polícia Civil, engloba outros fatores e pode apurar se o abandono do posto de trabalho facilitou o homicídio. Ainda não há confirmação por parte da Polícia Civil neste sentido.
O detento
O suspeito de matar o policial penal na madrugada do último domingo (3/8) possui passagens pelo sistema prisional desde 2018. Segundo a Sejusp-MG, ele responde a inquéritos por crimes de tráfico de drogas, furto, posse ilegal de arma de fogo e homicídio. O detento foi admitido no dia 14 de julho na Penitenciária José Martinho Drumond. Ele estava internado na unidade de saúde do bairro Luxemburgo, na região Centro-Sul da capital, desde o dia 27 do último mês. O motivo não foi informado pela pasta.
O caso
Na madrugada de domingo (3/8), o detento entrou em luta corporal contra o policial penal da escolta. Ele tomou a arma e atirou duas vezes contra o servidor público, que não resistiu. Após o confronto, ele fugiu com a arma e vestindo o fardamento do policial penal. No entanto, foi preso após uma operação da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).
A pasta informou que instaurou um procedimento interno para apurar administrativamente o caso. "A Sejusp lamenta a morte do servidor e se solidariza com familiares, amigos e colegas do policial penal", disse. A investigação criminal é conduzida pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG).
O Sindicato dos Policiais Penais do Estado de Minas Gerais (Sindppen-MG) lamentou a morte do servidor público. "O Sindppen-MG externa solidariedade e pesar aos familiares, amigos e colegas de farda neste momento de profunda dor. Que Deus conforte, traga paz e força para atravessar esse momento de tanta tristeza. A memória de Euler permanecerá viva entre aqueles que, como ele, dedicam suas vidas à segurança e à justiça", publicou o Sindppen-MG em suas redes sociais. O sindicato informou que acompanha a investigação do caso.
O hospital informou, por meio de nota, que nenhum civil entrou armado na unidade de saúde e que segue, rigorosamente, os protocolos internos de segurança. "O Hospital Luxemburgo lamenta profundamente o falecimento do agente penal e se solidariza com seus familiares, colegas e amigos. A unidade reforça que permanece colaborando com as autoridades competentes para contribuir com as investigações em curso", destacou.
Enterro
O corpo do policial penal foi sepultado nesta segunda-feira (4/8). Durante a cerimônia, o presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Minas Gerais, Jean Otoni, informou que dois servidores haviam sido escalados para a missão. A ausência do segundo servidor é investigada. “Foi designados os dois policiais para estar lá. No momento que aconteceu o fato, o policial não estava no local”, afirmou.
Ainda segundo Jean, a Corregedoria já está apurando os fatos, e, se houver confirmação de falha, o servidor envolvido poderá responder a inquérito e a processo administrativo.