Tráfico de pessoas

Haitiana tem alta de hospital em Contagem, mas mistério continua

Ela saiu ao lado do haitiano, que se apresentou como namorado dela

Por Tatiana Lagôa
Publicado em 27 de outubro de 2018 | 03:00
 
 
 
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A haitiana de 18 anos que está no centro de investigações como possível vítima de tráfico de pessoas recebeu alta do Hospital Municipal de Contagem, na região metropolitana da capital, nessa sexta-feira (26) pela manhã. Ela saiu ao lado do haitiano, que se apresentou como namorado dela. Mas o mistério e as apurações das denúncias de suposto trabalho forçado e exploração sexual seguirão pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que vai recorrer à Polícia Federal na próxima semana.

“Tivemos uma reunião com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e decidimos que o governo vai fazer o acompanhamento da menina. Há indícios muito fortes de irregularidades, e precisamos ter todas as respostas sobre a chegada dela aqui ao Brasil e o que de fato ela estava fazendo aqui”, afirma o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Minas, Willian Santos.

Como foi mostrado com exclusividade pelo O TEMPO, a jovem, de 18 anos, chegou ao Brasil em novembro passado. Em fevereiro deu entrada no hospital quase morta, com um aborto retido, desidratada e desnutrida. Um haitiano que está no país há quatro anos se apresentou como namorado dela e disse que teria pagado R$ 5.000 para trazê-la ao Brasil. A OAB, a Polícia Civil e o governo do Estado apuram se ela foi “comprada”.

A reportagem esteve nessa sexta-feira (26) no barracão onde a jovem vivia com o suposto namorado e o irmão dele. O espaço cedido pela empresa em que o cunhado trabalha tem apenas um colchão de solteiro no chão e um sofá na entrada.

A Secretaria de Direitos Humanos disse que acompanha o caso por meio do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e com integrantes do Comitê de Atenção ao Migrante, Refugiado e Apátrida, Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Erradicação do Trabalho Escravo (Comitrate). 

Jovem pode ter vindo grávida do Haiti

Apesar de o haitiano ter dito ao Ministério Público que namorava com a jovem desde quando morava no Haiti, há cinco anos, ela pode ter chegado ao Brasil grávida. Os exames, que são mantidos em sigilo pelo hospital, indicam que a gestação foi interrompida entre as semanas 12 e 16, ou seja, tinha pelo menos três meses.

Como a garota chegou ao país em novembro e foi internada em fevereiro, caso a gravidez seja de 16 semanas, ela pode ser anterior à viagem. Para fontes ouvidas pela reportagem, essa informação pode confirmar que os dois não são namorados. “Ele chegou a dizer à equipe do hospital que não tinha nada com ela. Será que ele iria alugar uma casa para mudar com ela depois de saber que ela chegou grávida se houvesse um compromisso entre eles?”, questiona. O irmão dele garante que já havia o relacionamento, mas não sabe dizer como ela chegou ao país nem detalhes da vida dela, como quantos irmãos ela tem.

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