Espírito Santo

Helicóptero da família Perrella é apreendido com 445kg de cocaína

Piloto, copiloto e dois homens que receberiam a droga foram presos; ainda, a PM encontrou R$ 16 mil na aeronave

Por Fernanda Viegas
Publicado em 25 de novembro de 2013 | 14:59
 
 
 
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Um helicóptero pertencente a uma empresa da família do senador mineiro Zezé Perrella (PDT) foi apreendido com mais de 440 kg de pasta base de cocaína, na zona rural de Afonso Cláudio, na região Serrana do Espírito Santo (ES), na tarde desse domingo (24). A Polícia Militar da cidade investigava o local, que apresentava movimentação suspeita há 15 dias, e flagrou a aterrissagem. Além disso, também foram encontrados R$ 16 mil em dinheiro na aeronave. Piloto, copiloto e dois homens que receberiam a droga foram presos. 

De acordo com o comandante da 2ª Cia Independente da Polícia Militar do Espírito Santo, major Flávio Santiago, há cerca de 15 dias, um empresário esteve na região metropolitana de Vitória e comprou uma propriedade no distrito de Ibicaba, pertencente a Afonso Cláudio, por cerca de R$ 150 mil, e teria quitado rapidamente, o que causou estranheza à PM.

“Policiais saíram para fazer uma investigação a respeito e se depararam com um fluxo de pessoas e veículos que não eram da região. Então, começaram a montar um cerco. Esperávamos apreender drogas e armas, mas não no nível apreendido. Buscando informações, ficamos sabendo da vinda do helicóptero”, explicou.

Ainda segundo o major, as aeronaves que costumam ir à cidade conduzem autoridades políticas ou são da Polícia Militar. Nesse domingo (24), militares fizeram campana na zona rural e avistaram o helicóptero modelo Robson 66 logo que o dia amanheceu.

“Na parte da tarde, o helicóptero foi localizado em um descampado, um local ermo de difícil acesso e até de ser visualizado. Estava com o motor funcionando. Os policias aguardaram desligar as turbinas e fizeram a abordagem”, contou Santiago.

O total de 445 kg de pasta base de cocaína, que equivale a até R$ 10 milhões, segundo cálculo da Polícia Federal (PF), possui entre 92% e 96% de pureza. A droga estava em formato de tabletes, dentro de caixas, que encheram quatro picapes Hilux da polícia. A droga era esperada por dois homens, que a transportariam em um Polo branco.

O piloto Rogério Almeida Antunes, de 36 anos, natural de Campinas (SP), o copiloto Alexandre José de Oliveira Junior, de 26 anos, natural de São Paulo (SP) e os homens que receberiam a droga, o comerciante Robson Ferreira Dias, de 56 anos, natural do Rio de Janeiro (RJ), e o jardineiro Everaldo Lopes Souza, de 37 anos, natural de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, estão presos na carceragem da sede da PF em Cariacica (ES).

O piloto informou à polícia que carregou a aeronave em São Paulo (SP). “Devido ao alto valor da mercadoria, o mais provável é que fosse exportada para a Europa”, analisou o major. Além da droga, R$ 16 mil foram localizados em uma bolsa dentro do helicóptero. “O piloto falou que ele estava autorizado pela empresa a agendar os fretes e fazia diversas viagens. O Alexandre (copiloto) é que fez a reserva da aeronave para trazer esse material. Rogério (piloto) disse que não tinha ideia do que era a mercadoria, que só tinha as coordenadas”, contou Santiago.

O dono do terreno ainda é procurado pela PM. A polícia apenas sabe que a compra foi feita em nome da família Tapagiba, que é antiga na região.

A empresa Limeira Agropecuária e Participações Ltda., com sede em Pará de Minas, na região Cento-Oeste de Minas Gerais, foi procurada pela reportagem por ser a dona do helicóptero, mas até o momento, nenhum representante da empresa retornou as ligações. Sobre a aeronave, o major afirmou que ela é "nova e potente". 

Resposta
Em coletiva de imprensa na tarde de hoje, o deputado Gustavo Perrella (SDD), filho do senador Zezé Perrella (PDT), disse que o piloto havia informado que o helicóptero estaria em revisão esta semana. De acordo com o deputado, Antunes não tinha autorização para realizar nenhum voo sem o consentimento da família Perrella. "À partir do momento que ele faz um voo sem o nosso consentimento, a aeronave foi fruto de um roubo – é esse processo também que o piloto terá que responder", afirmou acrescentando que o Antunes foi demitido assim que o helicóptero foi apreendido.

O parlamentar informou que o piloto trabalhava para sua família há um ano e meio, e o que pesou para a sua contratação foram as muitas horas de voo. Ainda de acordo com Perrella, nenhuma reclamação havia sido registrada contra o funcionário anteriormente. "É claro que eu não sei se ele foi coagido (a transportar a droga), mas isso é questão da defesa dele".

Atualizada às 19h52.

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