O maior inimigo de cinco crianças com idades entre 7 e 11 anos, vítimas de abuso sexual, estava ao lado delas o tempo todo, no bairro Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.

O abusador, um porteiro de 44 anos, abusou de três sobrinhas e de duas vizinhas durante três anos, desde quando elas tinham entre 4 e 8 anos.

O homem foi denunciado à polícia em janeiro do ano passado, e condenado pela Justiça no último dia 2, a um total de 136 anos, oito meses e quatro dias de prisão, por estupro de vulnerável. Ele foi preso pela Polícia Civil na terça-feira.

As vítimas contam que foram obrigadas a praticar atos libidinosos durante três anos, na casa do próprio abusador, no bairro Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. A mulher dele cuidava das crianças enquanto as mães estavam trabalhando, e ele aproveitava para praticar os crimes. Exames comprovaram que o homem praticou conjunção carnal com a própria sobrinha dele. Na época, ela tinha 5 anos.

A chefe da Delegacia de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad), delegada Elenice Cristine Batista Ferreira, conta que o homem foi denunciado pela própria irmã, mãe de duas das vítimas. Ela olhou o celular da filha mais velha, já com 11 anos, e encontrou uma foto da menina nua, com as pernas abertas e o órgão sexual exposto.

A menina, então, relatou os abusos que vinha sofrendo desde quando ela tinha 8 anos, praticados pelo tio, que é casado e tem oito filhos. Não há relatos de que o porteiro tenha abusado dos próprios filhos, segundo a delegada.

A mãe conversou com a outra filha, de 7 anos, e ela também relatou ter sido abusada pelo mesmo período. Um exame de corpo de delito confirmou a ruptura do hímen da criança.

De acordo com a delegada, as cinco crianças relataram que outras meninas também eram abusadas, mas essas denúncias não foram confirmadas.

Liberado

O porteiro foi preso durante as investigações da polícia, no início do ano passado. Ele foi demitido do edifício residencial onde trabalhava. Três meses depois da denúncia, as investigações foram concluídas e encaminhadas à Justiça. 

Em abril deste ano, ele foi colocado em liberdade por excesso de prazo, quando vence o período estipulado por lei para a Justiça julgar o caso. 

No dia 2 deste mês, ele foi julgado pelos cinco crimes e condenado a 136 anos, oito meses e quatro dias de prisão, em regime fechado. 

No dia 5, a Polícia Civil foi notificada da condenação e do mandado de prisão contra o homem, que foi localizado e preso na indústria onde trabalhava como terceirizado, em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. O porteiro negou as acusações, tanto na fase do inquérito quanto na Justiça. Ele ainda insiste que é inocente.

Trauma

As crianças foram ouvidas na fase do inquérito, acompanhadas por psicólogas. Na Justiça, elas foram poupadas de novos depoimentos para evitar constrangimento e mais traumas. A juíza Marixa Rodrigues ouviu apenas testemunhas e considerou o que as crianças disseram antes.

Ameaças e doces

De acordo com a delegada Elenice, o porteiro ameaçava as crianças para não ser denunciado. “Uma das vítimas ameaçou contar para os pais e ele a empurrou de uma escada. A menina sofreu um corte no nariz, o que foi confirmado pelas investigações”, disse a policial.

Ainda de acordo com Elenice, essa menina continuou com medo e não relatou aos pais o que vinha sofrendo. “Só o denunciou quando uma mãe descobriu e o denunciou.  Ele ameaçava dizendo que iria fazer alguma coisa com elas ou com os pais delas, casos elas contassem. Para algumas vitimas, ele chegava a oferecer doces e chocolates depois dos atos”, contou a policial.