Alegria

Idosa internada na UTI apresenta melhora após encontrar sua cadelinha

Desde que chegou ao hospital, dona Helena expressa o desejo de poder reencontrar Nita, com quem vive há três anos

Por Lara Alves
Publicado em 05 de julho de 2019 | 12:10
 
 
 
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Trinta dias atrás, Luiza Helena Araújo Mendes, de 81 anos, precisou deixar o convívio com sua família e sua "filha de estimação" para receber cuidados médicos no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HCU-UFU). Diante de seu quadro de saúde, dona Helena, como prefere ser chamada, precisou ser internada e permanece desde então na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Desde sua chegada, a idosa pede permissão à equipe para encontrar seus familiares. De lá para cá, parentes foram até o hospital para visitá-la, mas uma ausência lhe era bastante sentida: a de Nita, sua cadela adotada há três anos. 

Durante conversa, a acompanhante da dona Helena contou aos médicos os dois desejos que ela mantinha ali: voltar para casa e ver Nita, com quem divide o convívio. A vontade foi reafirmada algumas vezes pela paciente com os enfermeiros. Pouco tempo se passou e a equipe do hospital conseguiu realizar o sonho da idosa. Na quarta-feira (3), Nita foi até o hospital, de banho tomado, em caixa para transporte adequado, e pôde visitar sua dona. 

"Em internação prolongada e com ajuda da ventilação mecânica, dona Helena queria encontrar pessoas importantes na vida dela. Os familiares já tinham vindo e só faltava a Nita. Fizemos uma preparação para que a visita não fosse perigosa nem para dona Helena, nem para Nita e nem para os outros pacientes", explica Juliane de Melo Silva, coordenadora da unidade. Aliás, o cuidado e o afeto com os pacientes já parte daí: apesar de ter nome composto, dona Helena prefere ser chamado pelo segundo nome e assim o é. 

"Logo que a Nita chegou, ela foi direto para a visita. A cadela reconheceu a paciente e a dona Helena a reconheceu, foi uma interação muito bonita entre as duas", completa a psicóloga Rosângela Caratta. A ação foi promovida por ela, pela coordenadora, pela enfermeira Lívia Santana Barbosa e pela médica Gabriela Mendes e esta é a primeira vez que um animal participa de uma visita no hospital. 

O quadro de saúde da paciente, em piora desde a véspera do encontro com a cadela, estabilizou desde quarta-feira e progride há dois dias. "Ainda não tivemos a melhora que queríamos que ela tivesse. Mas é um trabalho dia após dia e depois da visita, observamos um avanço do ponto de vista clínico", discorre Juliane. 

A atenção ao paciente e aos acompanhantes que vivenciam a rotina diária do hospital em busca da melhora de seus entes queridos é um dos pilares defendido pelo Hospital das Clínicas. A coordenadora aponta a humanização do paciente, parte de um programa do Sistema Único de Saúde (SUS), como uma das necessidades para evolução do quadro clínico e para oferecer conforto em situações complicadas. 

Para tanto, algumas medidas são adotadas diariamente, com o intuito de atender os desejos e proporcionar momentos de alegria na aspereza da internação. "Nosso hospital trabalha há muitos anos para humanizar os pacientes. Tentamos realizar os desejos dentro dos procedimentos seguros que trazem benefícios aos pacientes, claro que dentro das nossas limitações", pontua Juliane. 

Na manhã desta sexta-feira (5), por exemplo, mais um idoso pôde realizar um sonho mantido desde sua internação: rever seus três netos. Apesar do protocolo tradicional permitir que apenas crianças a partir de 12 anos possam realizar visitas na UTI, as duas netas de dois anos e o neto de cinco do paciente puderam revê-lo. "O avô expressou a vontade de ver os netinhos e os três queriam muito vir. Conseguimos viabilizar as normas de segurança para liberar a entrada delas", comenta Juliane. 

Visitas de bebês também acontecem no Hospital das Clínicas de Uberlândia, assim como há protocolos para visitas estendidas, que permitem que qualquer paciente, independente de seu nível de consciência, seja acompanhado por um familiar ou responsável durante a madrugada. Outros cuidados, por mais simples que pareçam, também são adotados, como a realização de festinhas de aniversário. 

Segundo a psicóloga, a equipe se reúne semanalmente com os acompanhantes para ouvir suas necessidades, bem como o estado dos pacientes e suas vontades. "Há um grupo composto por médicos, psicólogos e enfermeiros para sempre informar claramente o que está acontecendo com o paciente, um projeto cuidadoso de diálogo para trabalhar a assistência a todos", comenta. 

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