SEGURANÇA SANITÁRIA

Infectologista da PBH desaconselha ida a eventos fechados de carnaval

Estevão Urbano afirma que teste negativo e esquema vacinal completo não garantem segurança do folião que comprar ingresso para os grandes shows da data comemorativa

Por Gabriel Ronan
Publicado em 07 de janeiro de 2022 | 18:57
 
 
 
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Mesmo com o cancelamento da festa de rua, eventos fechados de carnaval estão mantidos em BH e prometem arrastar multidões. As aglomerações, na avaliação do infectologista Estevão Urbano, do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da capital, podem virar um novo gatilho para transmissão do coronavírus.

Ele desaconselha a compra dos ingressos neste momento da crise sanitária. “Não há segurança alguma para festejo de carnaval, mesmo que sejam fechados. São situações que o comportamento das pessoas favorece a transmissão de cepas que são sabidamente muito contagiosas”, afirma o especialista. 

“No final de uma noite, talvez centenas de pessoas podem se infectar”, completa Urbano. 

Na capital, ao menos três grandes programações estão na agenda em fevereiro: o Carnaval do Mirante, no Bairro Olhos D’Água (Oeste); o Carnaval do Bem, no Mineirão (Pampulha); e o We Love Carnaval, no Expominas (Oeste), que contará com atrações como Ivete Sangalo, Thiaguinho e Gusttavo Lima. 

Sócio-diretor da Box. Bold Xperiences, responsável pela produção do Carnaval do Mirante e do Bloco do Silva (evento de pré-carnaval), Carlos Magno afirma que o evento vai seguir as regras previstas pela Prefeitura de BH. 

“A organização do evento está preparada para cumprir todos os protocolos sanitários exigidos, com regras como comprovação de vacinação de pelo menos duas doses ou resultado negativo para Covid-19 em teste realizado até 72h antes”, diz. 

Magno também ressalta que está disposto a modificar as medidas caso a prefeitura mude o regramento. “Caso algo mude em relação à flexibilização e novos protocolos até a data do evento, a produtora se compromete a fazer as adaptações necessárias”, garante.

Prefeitura se manifesta

Procurada, a PBH informou que não vai patrocinar o carnaval de rua deste ano conforme orientação do seu comitê de infectologistas. 

O Executivo municipal esclareceu que o atual decreto permite a realização de eventos, desde que com apresentação do comprovante vacinal com duas doses de todos os participantes. Outra alternativa é mostrar um exame de Covid-19 negativo, realizado em 72 horas. 

Entretanto, a prefeitura informou que “monitora de maneira permanente o cenário da pandemia, e a situação pode ser reavaliada em caso de piora dos indicadores epidemiológicos e assistenciais, assim como ocorreu em outros momentos”.

Sem retorno

A reportagem questionou a PBH como será feita a fiscalização dos eventos fechados de carnaval, mas a administração municipal não respondeu nem deslocou fontes para explicar as estratégias. 

A produção do Carnaval do BEM informou, em nota, que o evento será realizado com o cumprimento de todos os protocolos definidos pela Prefeitura de Belo Horizonte.

A reportagem de O Tempo também procurou a produção do We Love Carnaval (Expominas), que não retornou aos contatos. 

 

Salto de diagnósticos

Somente nesta sexta-feira (7/1), a Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou 10.982 casos de Covid no intervalo de 24 horas em Minas. Para se ter noção do aumento das infecções, o número de registros da doença é o mais alto dos últimos seis meses. 

Um dia antes no Natal, em 24 de dezembro, o Estado contabilizou 431 vítimas da doença, por exemplo.

Outro fator que também deve ser levado em consideração para explicar a alta expressiva de novos casos é o fato de alguns dados estarem represados, conforme nota da pasta do governo Romeu Zema (Novo).

O aumento de confirmações da doença já reflete nos leitos hospitalares. Em Minas, 90,2% dos leitos de enfermaria destinados para pacientes com Covid-19 estão em uso. 

Nas UTIs, 54,08% das vagas estão preenchidas com pacientes com sintomas graves da doença.

Desde o início da pandemia, em março de 2020, o Estado registrou 2.247.541 casos de Covid. Deste total, 56.717 vítimas morreram, sendo cinco computadas no último balanço.

Dentre os mortos, 67% tinham comorbidades associadas ao coronavírus e 70% tinham mais de 60 anos.

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