Um motorista embriagado provocou um acidente que envolveu outros dois veículos na manhã de ontem, no bairro da Graça, na região Nordeste da capital. Após admitir que tinha tomado vinho antes de dirigir, o homem, de 52 anos, soprou o bafômetro, que resultou positivo, foi autuado por dirigir sob efeito de álcool e teve o veículo retido. Em Minas Gerais, infrações como a cometida pelo motorista, que envolvem direção e uso de bebida e/ou outras drogas, aumentaram 13,4% em maio deste ano em relação ao mesmo mês do ano passado – de 1.666 para 1.890, segundo a Polícia Civil.
A elevação ocorreu durante a pandemia de Covid-19, quando a orientação é que a circulação de pessoas diminua para evitar o contágio pelo vírus. O dado pode ser analisado sob duas óticas, segundo o delegado Rodrigo Fagundes, da Divisão Especializada em Prevenção e Investigação de Crimes de Trânsito do Detran-MG. “As pessoas em casa estão fazendo ingestão de bebida alcoólica. E aquelas que insistem em pegar o veículo, seja por qual motivo for, apesar da orientação de ficar em casa, estão sendo abordadas nas blitze, que continuaram a ser realizadas”, disse. Ele ressaltou que o objetivo das operações é justamente coibir quem insiste em conduzir veículos sob efeito de álcool e outras substâncias psicoativas.
As operações de trânsito da PM também continuam normalmente em todo o Estado, segundo a tenente Rayanne Batista, do 2º Batalhão de Polícia de Trânsito. “Redobramos os cuidados para não ter a contaminação do cidadão abordado nas blitze. O militar faz a higienização das mãos, e o próprio condutor pega o aparelho e sopra. Após cada abordagem, higienizamos o aparelho”, disse.
De acordo com o psiquiatra Rodrigo de Almeida Ferreira, dirigir sob efeito de drogas, sobretudo na pandemia, demonstra falta de percepção dos perigos da prática. “É uma atitude impulsiva, e quem faz isso minimiza os riscos e acha que não vai ter problema”, disse ele, que também é terapeuta cognitivo-comportamental.
Usar bebidas e drogas é uma forma de cobrir este vazio que estamos vivendo no isolamento, segundo Maria Alice Ribeiro de Carvalho, psicóloga clínica. "Quando a pessoa faz isso (dirigir drogado), comete microssuicídio”, afirma.
Carteira de condutor está suspensa
O motorista flagrado dirigindo embriagado ontem, após ter provocado o acidente na capital mineira, não portava a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O documento dele está suspenso, conforme ele admitiu à guarnição da Polícia Militar (PM), durante a abordagem.
Em setembro de 2016, na cidade de Manhuaçu, na Zona da Mata, o condutor já tinha sido flagrado pela corporação sem a carteira. Durante a abordagem, os agentes verificaram que a CNH dele estava vencida havia mais de dois meses.
Ontem, o teste do bafômetro a que ele se submeteu marcou 0,05 miligramas de álcool por litro de ar, o que não configura crime de trânsito, segundo a assessoria da PM – é crime o resultado de 0,33 mg/L ou mais.
A infração foi registrada no prontuário do motorista, que teve o veículo, um Siena, retido. O carro foi liberado para um responsável habilitado. O nome do condutor não foi informado pela corporação.