Flexibilização

Kalil desmarca reunião com representantes do comércio e mantém fechamento em BH

Encontro estava marcado para esta quarta-feira (8), quando o prefeito daria uma resposta à categoria sobre a proposta de abrir o comércio quatro dias por semana

Por Bruno Menezes
Publicado em 07 de julho de 2020 | 18:48
 
 
 
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O Prefeito Alexandre Kalil (PSD) cancelou a reunião que teria com representantes do comércio na tarde desta quarta-feira (8), para dar uma resposta sobre uma possível flexibilização das atividades proposta pela categoria. A decisão foi anunciada por Kalil na tarde dessa terça-feira (7), em reunião na sede da prefeitura com representantes do Conselho Municipal de Saúde (CMS-BH) e de entidades sindicais, associações e movimentos sociais que pedem a continuidade do isolamento social e a adoção de outras medidas de combate ao conoravírus na capital mineira.

Kalil afirmou que o motivo do cancelamento da reunião seria o fato de não ter nada a dizer aos representantes do comércio. “Gostaria de frisar também que suspendi agora a reunião que teria com os empresários amanhã às 14h, porque eu não tenho o que dizer a eles. O momento não nos permite nada de diferente do que está acontecendo hoje. Então nós não temos por que fazer uma reunião sem objetivo. Eu recebo duas, três vezes por dia os números das ocupações e das transmissões”, pontuou Kalil.

O prefeito de Belo Horizonte também falou sobre a pressão que estaria sofrendo ao adotar medidas de isolamento social. Ele pontuou que ela estaria vindo de uma “minoria barulhenta”. “Eu sou um ser humano comum, eu tenho sofrido muito de um lado só e quero dizer a vocês que nós estamos aqui hoje, presentes e juntos com uma maioria silenciosa, e vamos ignorar toda a minoria barulhenta, porque o barulho levou este país ao patamar que nós estamos hoje”, disse o prefeito. 

Na quinta-feira passada, os comerciantes haviam apresentado uma proposta de reabertura do comércio em quatro dias por semana. Na prática, os estabelecimentos ficariam abertos de terça-feira a sexta-feira e seriam fechados de sábado a segunda-feira. A expectativa dos comerciantes era de uma resposta sobre o tema fosse dada na reunião dessa quarta-feira, que acabou sendo cancelada pelo prefeito.

Comerciantes

Participariam da reunião nesta quarta-feira (8) representantes do Sindicato dos Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas) e da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). O Sindilojas informou que não iria se posicionar sobre o cancelamento da reunião. 

Por meio de nota, a CDL-BH afirmou que não participou da reunião realizada hoje “entre o prefeito Alexandre Kalil e os sindicatos majoritariamente ocupados por militantes da esquerda, portanto desconhece as razões que levaram ao cancelamento da reunião”. 

Disse ainda que “a entidade não somente é contrária ao cancelamento, decisão mais uma vez tomada de forma autoritária e unilateral pela prefeitura, como também volta a denunciar a completa incapacidade do Executivo municipal de abrir os leitos prometidos em 29 de maio”. E, por fim, que, se “a prefeitura tivesse cumprido a sua promessa, hoje o índice de ocupação de leitos de UTI seria de 45% e o índice de ocupação de leitos de enfermaria de 38%, e ambos os indicadores permitiriam a reabertura segura do comércio, como estava ocorrendo anteriormente".

Por fim a CDL-BH  disse que reitera  “a sua posição de enfrentar essa pandemia salvando vidas, mantendo empresas e preservando empregos”.

Dados

Números desfavoráveis do coronavírus em Belo Horizonte levaram o prefeito Alexandre Kalil a manter o comércio fechado. Atualmente, a prefeitura utiliza três indicadores para monitorar a situação do coronavírus em Belo Horizonte:  a taxa média de transmissão por infectado (RT), além da ocupação de leitos de UTIs e enfermarias em hospitais públicos da capital. Atualmente, a taxa média de transmissão está em 1,13 – dado divulgado na última quinta-feira (2). Já a ocupação de leitos alcança a marca de 91% nas UTIs e 70% nas enfermarias. 

Dados do boletim epidemiológico divulgado nessa terça-feira pela Prefeitura de Belo Horizonte apontam que são 7.561 casos confirmados de Covid-19 e 169 óbitos na capital mineira.

Reunião

Representantes do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte e outras 50 entidades sindicais, associações e movimentos sociais entregaram na tarde dessa terça-feira (7) ao prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), um documento denominado “Manifesto de apoio ao isolamento social e combate à Covid-19 em Belo Horizonte”. A entrega ocorreu em reunião com o prefeito  e o secretário municipal de saúde, Jackson Machado, na sede da prefeitura. 

“Em síntese, defendendo as medidas de isolamento social como a principal forma de combater o coronavírus na cidade e evitar mortes de nossos cidadãos. A gente reconhece que esse é um ‘remédio amargo’, mas está claro, observando a evolução da doença na cidade, que o aumento na circulação de pessoas provocou um aumento no número de casos e de mortes entre os nossos cidadãos”, afirmou o secretário geral do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMS-BH), Bruno Pedralva.

Na semana passada, o CMS-BH chegou a enviar um documento ao prefeito recomendando que fosse adotado o lockdown no município, para conter o aumento do número de casos de coronavírus na cidade. “O secretário Jackson Machado informou hoje que no sábado chegamos a 94% de ocupação dos leitos de UTI, então é fundamental que o povo de Belo Horizonte, naturalmente o prefeito e seu comitê de enfrentamento intensifiquem as medidas de isolamento e a gente consiga vencer esse momento muito difícil”, completou Pedralva.

 

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