Projeto de Lei

Kalil veta ensino religioso obrigatório em escolas municipais de BH

Decisão do prefeito foi publicada na edição deste sábado (4) do Diário Oficial do Município

Por Rafaela Mansur e Laura Maria
Publicado em 04 de março de 2017 | 10:47
 
 
 
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O prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PHS) vetou integralmente a proposição de lei, aprovada pela Câmara Municipal, que obrigava as escolas municipais da cidade a ofertar aulas de ensino religioso. A decisão do prefeito foi publicada na edição deste sábado (4) do Diário Oficial do Município (DOM).

A proposta, apresentada pelo ex-vereador Vilmo Gomes, determinava que a disciplina fosse ofertada a alunos do ensino fundamental, por professores concursados. Os docentes deveriam, entre outras funções, preparar o aluno para "possibilitar a consolidação dos valores morais, éticos e espirituais", promover o respeito aos valores de todas as manifestações religiosas e contribuir para a formação de um aluno crítico, solidário e "protagonista da construção de uma cultura de paz". O projeto foi aprovado em segundo turno na Câmara em dezembro do ano passado.

Kalil vetou a proposta, com a justificativa de que a criação de cargos e a inclusão da disciplina refletiriam "em um aumento substancial de despesas para a administração pública municipal". Além disso, o prefeito declarou que a proposição de lei contraria a legislação federal, que prevê a introdução do ensino religioso no ensino com matrícula facultativa.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sindrede-BH) comemorou o veto. "A escola deve ser um ambiente laico, e esse projeto representaria um retrocesso muito grande para a educação. Não temos ensino religioso nas escolas municipais da cidade desde a década de 1990", afirmou o diretor de comunicação da entidade, Luiz Carlos Bittencourt.

O vereador da bancada evangélica Elvis Cortês (PSD), por sua vez, afirma que trabalhará, já na segunda-feira, para derrubar o veto de Kalil. "O projeto foi aprovado por unanimidade. Acredito que não vamos ter dificuldade para retomá-lo", afirma Cortês, completando sobre a importância de se ensinar religião nas escolas. "Esse tipo de ensino existe desde que eu nasci, porque agora teria que mudar?", indaga.

O também vereador da bancada evangélica Henrique Braga (PSDB), contrariando Cortês, afirma que apoia o veto de Kalil. "Acredito que religião deve ser aprendida na igreja ou em casa, com os pais, e não na escola", comenta.

O projeto será devolvido à Câmara Municipal, a quem cabe a decisão final sobre o texto. Se a Casa concordar com o veto, a proposição será arquivada. Caso contrário, a proposta pode ser transformada em lei.

A reportagem entrou em contato com o ex-vereador Vilmo Gomes, autor da proposta, mas até o momento não tinha sido atendida.

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