Nova Lima

Lagoa dos Ingleses sofre com efeitos da estiagem 

Segundo administradora, reservatório está com apenas 43% de sua capacidade

Por BERNARDO ALMEIDA
Publicado em 13 de janeiro de 2015 | 04:00
 
 
 
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Ponto turístico da região metropolitana, a lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, é reduto de praticantes de esportes aquáticos como stand-up paddle, wakeboard, vela e remo. A falta de chuva que assola a capital, no entanto, tem prejudicado a realização dessas atividades e afetado a bela paisagem do lago.

Segundo a mineradora AngloGold Ashanti, responsável pela administração do reservatório artificial, atualmente somente 43% da capacidade da lagoa está preenchida. O motivo é o baixo volume de chuvas registrado nos últimos três anos, que impediu a recuperação do nível normal no lago.

Moradores do condomínio residencial Alphaville, construído há cerca de 15 anos, afirmam que nunca presenciaram um período tão crítico. “Não chove aqui há mais de dez dias, e, quando choveu, foi muito pouco. Evidentemente, interessa a nós que a lagoa esteja cheia, mas ela não tem nascente e não interfere no nosso abastecimento domiciliar, que é feito por poços artesianos”, explicou o presidente da Associação Geral Alphaville Lagoa dos Ingleses, Abílio dos Santos. “Prejudica visualmente e a prática de esportes aquáticos”, completou.

Esportes. A wakeboarder Teca Lobato, 27, é uma das afetadas pela estiagem. Ela pratica o esporte há oito anos profissionalmente e treina de três a quatro vezes por semana na região, além de dar aulas. “As rampas para os barcos estão inacessíveis, portanto nenhum barco entra e nenhum barco sai. Eu dei sorte porque meus dois barcos estavam na água, mas um está com problema e ainda não pude retirá-lo para conserto. Algumas pessoas estão sem treinar há dias por não poderem colocar o barco na água”, disse Teca. “Além disso, o espaço para os barcos está reduzido, e nós procuramos mais as margens para evitar o vento; com o estreitamento da água, esse vento mais forte fica inevitável”.

Assim como as represas de Codorna e do Miguelão, ambas em Nova Lima, a lagoa dos Ingleses é um reservatório artificial que integra o Sistema Hidrelétrico Rio de Peixe, que gera energia utilizada nas operações da mineradora, que também foi reduzida em função do período de estiagem.

Meteorologista do Centro de Climatologia PUC Minas TempoClima, Heriberto dos Anjos afirma que não deve chover nos próximos dez dias. “A partir do dia 22 podemos ter chuvas, mas somente pancadas”, disse.

Evento no local está mantido

Apesar do nível crítico da água, um evento musical agendado para o fim de semana na lagoa está mantido. Os produtores do festival, que será realizado no sábado e no domingo, confirmaram que a programação não sofrerá alterações e que os esportes aquáticos previstos não serão alterados.
Os barcos, no entanto, terão que ficar mais afastados, devido ao recuo da água.

Reservas estão em baixa no Sudeste

Motivação. A estiagem que tem prejudicado a lagoa dos Ingleses faz parte de um problema maior. “O volume de precipitação dos períodos chuvosos tem sido inferior à média desde o fim de 2012. Atualmente, há uma massa de ar quente e seco atuando em toda a região Sudeste, exceto no Estado de São Paulo”, explica o meteorologista Heriberto dos Anjos.

Seca. Conforme O TEMPO mostrou nesta segunda, a seca tem gerado transtornos não só em Minas, como nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. O nível dos reservatórios das duas regiões, responsáveis por 70% da capacidade de armazenamento de todo o país, vem caindo desde 2012 e está em apenas 20%, menor percentual desde 2000. Nos últimos três meses, choveu apenas 60% do esperado da média para as duas regiões.

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