A tão sonhada expansão do metrô de Belo Horizonte pode finalmente sair do papel. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, anunciou nesta quinta-feira que recursos na ordem de R$ 1 bilhão serão garantidos para as obras de construção da linha 2, que vai ligar os bairros Calafate/Nova Suíça, na região Oeste de BH, ao Barreiro, e de ampliação da linha 1, em Contagem, na região metropolitana da capital, como medida compensatória caso o governo federal conclua a antecipação da renovação de contratos de concessões ferroviárias no país.
Segundo Freitas, outros R$ 3 bilhões devem ser disponibilizados para a reforma de linhas férreas em Minas Gerais.
Sem avançar nenhuma obra há 16 anos, o metrô de BH foi discutido pela primeira vez pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) em uma reunião a portas fechadas com os prefeitos de Belo Horizonte e Contagem, Alexandre Kalil e Alex de Freitas, respectivamente, e com parte da bancada mineira do Congresso, além do presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Vander Costa, e do presidente da Assembleia Legislativa de Minas, Agostinho Patrus.
Do total anunciado pelo ministro da Infraestrutura, R$ 800 milhões devem ser investidos na implantação da linha entre o bairro Nova Suíça, na região Oeste, e o Barreiro. Se for concluído, o trecho vai contar com cinco estações e beneficiar cerca de 140 mil passageiros por dia. Os R$ 200 milhões restantes deverão ser usados na continuidade da linha 1, que deve ganhar nova estação, no bairro Novo Eldorado, em Contagem, na região metropolitana da capital.
O recurso depende, no entanto, de que o Ministério da Infraestrutura conclua a renovação antecipada dos contratos de concessão de ferrovias localizadas em Minas Gerais por mais 30 anos.
“Acho que desta vez não é promessa porque tem interesse privado na história. Então, nós temos que acreditar porque, quando há interesse de grandes empresas, realmente a coisa sai”, comentou Kalil, que disse ter saído satisfeito da reunião.
O prefeito de Contagem também comemorou o anúncio: “Enfim, a gente acaba com essa novela”.
"Gostei do acordo anunciado pelo ministro. E também falei sobre importância da bancada mineira ter atuação firme e forte na comissão do orçamento, e não “fechar os olhos” para o desafio fiscal. Não adianta virmos “reclamar” se não trabalharmos por soluções em conjunto", comentou o deputado federal Lucas Gonzalez (Novo-MG).
"Agradeço em nome do povo de Contagem, já que a última obra estruturante que a cidade viu foi há 30 anos, com o metrô até Venda Nova", complementou o deputado Newton Cardoso Jr (MDB-MG).
BR–381 é desafio
O ministro da Infraestrutura afirmou durante a reunião que “a BR–381 é a obra mais complexa” em execução no país. “É cara, difícil de fazer. Tem de ser feita com alto tráfego. Tem gasoduto na faixa de domínio que precisa ser remanejado. Não é fácil, não”, declarou ele durante o encontro.
Freitas apontou as desapropriações como um dos principais desafios a serem vencidos. “Temos várias pessoas com propriedade na faixa de domínio da BR–381, e a gente tem dificuldade para realocá-las. A legislação que trata da desapropriação no Brasil é de 1941 e não retrata a realidade que nós temos”, comentou o ministro.
Na última segunda-feira, Freitas anunciou que o trecho da BR–381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares, na região do Rio Doce, deve ser concedido à iniciativa privada no primeiro semestre de 2020. "É fundamental que os recursos das outorgas das ferrovias mineiras sejam aplicadas em Minas. A expansão das linhas do metrô de Belo Horizonte é a forma mais justa de aplicação desses recursos", disse o deputado Subtenente Gonzaga (PDT-MG).