Enquanto revirava sacolas na madrugada deste sábado (24), uma pessoa que catava latinhas encontrou um bebê recém-nascido dentro de uma caixa de sapatos, em uma lixeira, no centro de Belo Horizonte. A criança foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levada ao Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, mas chegou sem vida à unidade.
De acordo com a Polícia Militar (PM), o catador, de 39 anos, encontrou a menina ainda respirando, perto da Galeria do Ouvidor, na rua São Paulo, e acionou os militares por volta das 5h. Ele disse aos agentes que abriu uma sacola dentro da caixa de sapato e se surpreendeu com o bebê.
Um morador de rua que não quis se identificar contou que o parto teria acontecido no meio da rua. “Ela estava sozinha na hora, o marido apareceu depois. Ela entrou em desespero e nunca quis essa criança. Não soube o que fazer quando o filho nasceu. Ela já mora na rua, seria outro largado como a gente", disse.
“Lembro dela grávida no Carnaval, ela passou mal, chamamos o Samu. Ela deve estar com medo, sumiu aqui da rua. Ela tem uns 30 anos”, contou um vendedor ambulante. “A criança não tem culpa, ela não pediu para vir ao mundo. Podia ter dado para alguém, é muita crueldade”, afirmou a ambulante Lenira dos Santos, de 43 anos.
Investigação
Câmeras de monitoramento da região não mostraram quem abandonou o bebê na lixeira. A perícia da Polícia Civil esteve no local. O caso será investigado pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A pena para o crime de abandono de incapaz varia de 8 a 10 anos de prisão.
Cordão umbilical foi arrancado e, não, cortado
Uma enfermeira que atendeu a criança no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII contou que, aparentemente, a menina tinha nascido há algumas horas. “Parece que o cordão umbilical foi arrancado e, não, cortado. Já tinha um tempo que ela tinha nascido porque ela estava com aquela gordurinha branca, toda inchadinha”, afirmou.
Ainda segundo a funcionária, que pediu para não ser identificada, os profissionais tentaram reanimar a recém-nascida, mas sem sucesso.
Sem vida
“Ela chegou ‘roxinha’ para nós. Tentamos massageá-la, mas ela não voltou. Ela chegou morta já”, descreveu uma enfermeira do João XXIII, que atendeu a bebê.