Tosse persistente, nariz escorrendo, criança prostrada. Os sintomas gripais comuns nesta época do ano estão levando muitas famílias aos hospitais infantis de Belo Horizonte atrás de atendimento pediátrico. Mas a alta na procura por consultas médicas e a falta de profissionais têm prejudicado o tempo de espera, que em alguns casos pode chegar até a 10 horas.
Enfrentando o frio e a lotação na fila do Hospital Infantil João Paulo II — referência no atendimento pediátrico pelo SUS em BH — Cintia dos Santos, de 27 anos, conta que chegou no hospital pela manhã e, após três horas, ainda não teve nenhuma previsão de atendimento.
"Chegamos às 9 horas da manhã e ainda não recebemos atendimento. Meu filho passou pela triagem, mas ainda não foi para consulta. Está demorado", contou Cintia dos Santos, 27 anos.
Mãe do Silas Emanuel, de oito meses, Cintia conta que procurou o hospital depois que o filho apresentou tosse e dificuldades de respirar. "A gente fica aflita, né? Ele fica em contato com outras crianças sem saber o que é que tem. Estamos sem previsão de ir embora", completa.
Na mesma fila, Bárbara Silva, de 23 anos, também aguardava atendimento para a filha, Emily, após a criança apresentar sintomas respiratórios. A mãe conta que já está acostumada com a espera.
“Na semana passada, estive aqui e fiquei mais de três horas esperando atendimento. Estava bem cheio. Hoje me falaram que não vai passar de uma hora, então eu fico tranquila”, comemora.
A mãe acredita que, pela alta de casos e a quantidade de atendimentos, a consulta da filha acaba sendo prejucada. “É uma sensação horrível pois a gente falta ao trabalho, fica por conta de aguardar o médico o dia inteiro e quando é atendido, só dão uma olhada nela, passam um remédio que não funciona e ela nunca melhora”, diz Bárbara.
Poucos pediatras
Um funcionário do hospital João Paulo II, que conversou com a reportagem, mas preferiu o anonimato, conta que o atendimento está demorado por falta de pediatras.
"Muito paciente e poucos médicos. O atendimento pode levar até 7 horas para acontecer", revela. "Eu até saí para tomar um ar porque o clima é pesado. As mães ficam nervosas, xingando a gente ", relata.
A reportagem do Jornal O Tempo conversou com o diretor do Complexo Hospitalar de Urgência da Rede Fhemig, Fabrício Giarola, que admitiu a demora no tempo de atendimento e explicou que a alta nos casos de doenças respiratórios, comuns para essa época do ano, sobrecarregam a capacidade do hospital.
Para tentar evitar que o problema persista, a Fhemig espera concluir até a próxima semana a convocação de 15 pediatras que foram aprovados em concurso realizado em um concurso de 2020.