Preocupante

Alta de casos respiratórios evidencia falta de pediatras na rede SUS em BH

Condições de trabalho precárias e salários defasados são apontados como as principais dificuldades enfrentadas pelos profissionais da saúde, segundo a Sociedade Mineira de Pediatria

Por Tatiana Lagôa e Pedro Nascimento
Publicado em 18 de maio de 2022 | 15:54
 
 
 
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A alta na demanda nos pronto-atendimentos pediátricos de Belo Horizonte, que mais que dobrou neste ano, escancarou um problema que não é de hoje: a falta de pediatras na rede que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na capital. O profissional especializado na saúde de crianças se tornou uma raridade nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAS) da capital. Onde há profissionais disponíveis, a fila de espera para um atendimento chega há quase 10 horas.

Entre as razões apontadas para a falta de pediatras estão a precariedade do serviço e a falta de concursos para a área. Diretora de Assuntos Profissionais Adjunta da Sociedade Mineira de Pediatria e diretora do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, Ariete Araújo explica que a reposição de vagas no setor público não foi feita como deveria.

“Tanto o Estado quanto a Prefeitura de Belo Horizonte ficaram muito tempo sem fazer concurso público. Os profissionais foram se aposentando, sem reposição das escalas. Eu trabalho em uma UPA em Belo Horizonte e posso te dizer que das sete Upas que nós temos, de três a quatro trabalham com escala de profissionais incompleta, sem pediatras”, conta.

A dificuldade para compor os quadros de pediatria na rede pública de Belo Horizonte tem como explicação principal a precariedade do serviço, segundo Ariete.

“Não é de hoje que estamos alertando sobre a necessidade de contratar pediatras. O que tem acontecido tanto na prefeitura quanto no Estado são contratações temporárias, com recibos de pagamento de autônomos. Agora tem uma tentativa de chamar os profissionais aprovados em concurso, mas, além de demorar para que eles assumam e a demanda é para agora, o número ainda não é suficiente se levarmos em conta a defasagem de anos e a alta da demanda por atendimentos”, diz a diretora adjunta do Sociedade Mineira de Pediatria.

Além da dificuldade em contratar, Ariete também denuncia que, quem trabalha na rede pública acaba não ficando por conta dos salários e das condições de trabalho.

“Muitos profissionais desistem de estar na rede pública porque têm uma remuneração melhor na rede privada. Sem contar que o médico chega para trabalhar, vê o tamanho da demanda com o pouco de gente para atender, assusta e não volta mais”, conta.

Vagas em aberto

Enquanto faltam profissionais na rede pública, a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) e a prefeitura de Belo Horizonte correm contra o tempo para contratar pediatras. Na Fhemig, estão abertas as inscrições para três processos seletivos no Complexo de Urgência e Emergência (hospitais João XXIII, Infantil João Paulo II e Maria Amélia Lins). Entre as 43 vagas de médicos de diversas especialidades, a maior carência é de pediatras, com 11 postos de trabalho em aberto.

Na Prefeitura de Belo Horizonte, um concurso para a área da saúde de 2020 foi homologado no mês passado. Segundo a PBH, considerando a maior demanda por médicos pediatras e psiquiatras na Rede SUS-BH, a nomeação desses profissionais é classificada como prioridade.

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