'semente da educação jogada fora'

Mais de 300 livros são jogados em caçamba pela Faculdade São Camilo

Cabeleireiro Wall Jesus, de 41 anos, que passa pela avenida todos os dias para chegar ao trabalho, ficou indignado ao ver a quantidade de livros sendo descartados na rua; instituição informou que exemplares estavam infectados com fungos

Por CAMILA KIFER
Publicado em 28 de janeiro de 2016 | 14:50
 
 
 
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Mais de 300 livros foram jogados no lixo pela Faculdade São Camilo nessa quarta-feira (26). Quem passou pela avenida Assis Chateaubriand, na altura do bairro Floresta, na região Leste da capital, viu uma caçamba cheia de exemplares. A unidade de educação informou que o material descartado estava infectado por fungos e, por isso, não foi reaproveitado.

O cabeleireiro Wall Jesus, de 41 anos, que passa pela avenida todos os dias para chegar ao trabalho, ficou indignado ao ver a quantidade de livros sendo descartados na rua. "Eu acho que é como se estivessem jogado a semente da educação fora. Tantas outras instituições e pessoas que estão precisando de livros e não têm condições de comprar, ver esse ato gera revolta", lamentou.

Diante da situação, o cabeleireiro disse ter questionado o motivo do descarte. "Os funcionários que estavam no local me falaram que o lugar para onde os livros seriam levados não tinha meios de vir buscá-los. E como não tinha jeito de levar para eles, a faculdade decidiu jogar todos na rua", explicou.

A diretora da unidade, Vanessa Gomes, alegou que os livros encontrados na caçamba, que estão desatualizados e datados dos anos de 2000 e 2002, estavam infectados por fungos e, por isso, precisaram de ser jogados fora.

"Se estivéssemos tratando de exemplares novos, eles seriam transferidos para outras unidades que temos no Brasil. Porém, esses estavam armazenados em uma biblioteca que, infelizmente, sofre com infiltração. Sendo assim, eles foram molhados outras vezes. Chegamos a colocá-los para secar, mas dessa vez não teve jeito. Eles foram infectados por fungos e mofaram", relatou a diretora.

Após perceber a situação dos exemplares, a bibliotecária chegou a assinar um documento atestando a situação e aprovando o descarte do material, segundo a faculdade.  

Doação

O cabeleireiro contou que, ao ver que havia livros novos,retirou alguns exemplares da caçamba e fez uma doação. Os livros foram anunciados pelo perfil dele no Facebook.

"Muitas pessoas os pegaram comigo depois que postei as fotos. Mas muitas outras pararam em frente a instituição e levaram muitos exemplares que estavam dentro da caçamba. Hoje ela está vazia. Teve gente que parou até de táxi para recolher os livros", lembrou Wall.

A faculdade São Camilo confirmou que houve pessoas que pararam para retirar os exemplares descartados da rua. "Muitos pararam para pegar os livros, mas nós informamos que eles estavam infectados e explicamos os riscos que eles estavam correndo", explicou a diretora da unidade.
 

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