ABUSO NO TERREIRO

Mais duas vítimas denunciaram abuso por Pai de Santo preso em BH

As duas mulheres, de 28 e 31 anos, prestaram depoimento nesta segunda (10)

Por Isabela Abalen
Publicado em 10 de abril de 2023 | 17:08
 
 
 
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Mais duas mulheres, de 28 e 31 anos, denunciaram terem sido estupradas pelo Pai de Santo de um terreiro de Candomblé no bairro Jaqueline, na região Norte de Belo Horizonte, preso no último dia 5. As vítimas prestaram depoimento na Delegacia de Plantão Especializada em Atendimento à Mulher, localizada no Barro Preto, região Centro-Sul de BH, na manhã desta segunda-feira (10). 

Com elas, já são cinco mulheres que denunciaram o abuso pelo Pai de Santo, sendo duas enteadas do suspeito e três frequentadoras do terreiro. “Uma das vítimas que depuseram hoje já estava em contato conosco, receosa sobre denunciar ou não. A outra, se pronunciou depois da repercussão da prisão do sacerdote”, conta Karina Barbosa, advogada que está acompanhando o caso pelas vítimas. 

Com as duas, foi realizado o mesmo processo de abuso, o que mostra um padrão realizado pelo suspeito. “Elas passaram pela mesma situação, foram chamadas para o ritual religioso, onde ocorreu o crime”, afirma a advogada. Segundo os relatos das vítimas, o Pai de Santo dizia que elas deveriam passar pelo “assentamento da entidade” e, para isso, ficava sozinho com elas. Era quando as estuprava, as convencendo de que a entidade precisava de secreção vaginal da mulher. Na verdade, nesse ritual, chamado ‘ebó’, não seria preciso sequer envolver toque.

A advogada Barbosa está acolhendo as vítimas do suspeito por meio do projeto Aura, que conta também com a atuação de psicólogas que oferecem serviço gratuito. “Caso ainda tenha alguma mulher vítima do Pai de Santo, mesmo que não queira denunciar, ela pode nos procurar e será bem recebida”, convida. 

Relembre o caso 

Uma denúncia de estupro levou a revelação de diversas vítimas de um mesmo suspeito: o pai de santo de um terreiro de Candomblé no bairro Jaqueline, na região Norte de Belo Horizonte. O que começou com um desabafo de duas meninas, a enteada do suspeito, de 15 anos, e uma amiga que estava morando em sua casa, de 18, motivou um movimento de mulheres a buscarem por justiça. Na quarta-feira (5), o suspeito, de 59 anos, foi preso pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). 

Em coletiva de imprensa realizada no dia 5 de abril, a delegada Larissa Mayerhofer afirmou que, após os crimes, o homem intimidava as mulheres, se valendo da condição de líder religioso. “Ele dizia para as vítimas que ele era um pai de santo, que era poderoso e que nunca seria preso", detalha a delegada, que também chama as vítimas de abuso sexual a denunciar, inclusive possíveis outras vítimas desse homem.

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